Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Esporte

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Fábio Seixas

A conquista do respeito

Em Abu Dhabi, após sair em último e terminar no pódio, Vettel ganhou mais do que o virtual tri

EXISTEM CURTIÇÕES especiais entre os prazeres de assistir a uma prova de carros, motos, cavalos, gente, qualquer coisa que se mova...

Uma delas é a chamada "corrida de recuperação".

Tem a ver com a tentação de torcer pelo mais fraco -ou por aquele que, por alguma condição especial, é momentaneamente o mais fraco. Tem a ver, ainda, com testar limites, com curtir o sofrimento alheio.

E até com aquela curiosidade sacana de "vamos ver se ele é bom mesmo".

Se o sujeito fica pelo caminho, normal. Recebe uma ou outra crítica pontual, e logo aquilo cai no esquecimento.

Mas quando a reação acontece... Não há como não se empolgar, não vibrar, não aplaudir, não comentar no trabalho no dia seguinte, não lembrar por anos e anos.

Cada um tem sua lista, seus critérios e preferências. Este colunista não é diferente.

A preferida, por ter significado um título mundial, é a reação de Senna em Suzuka-88. Pole, viu o motor apagar no grid, aproveitou-se de estar num declive, fê-lo pegar no tranco, mas caiu para 14º. Levou só 28 voltas para chegar à liderança, ultrapassando Prost, com um carro igual. Venceu. Foi campeão.

Outro brasileiro tem lugar na galeria: Barrichello, em Hockenheim-2000. Saiu em 18º, desesperançoso, prevendo um GP difícil. Mas foi brilhante quando começou a chover, segurando-se na pista com pneus para piso seco. Venceu. Resultado que foi festejado não apenas pela façanha, mas por todo o alívio que, naquele momento, representava para o ferrarista.

Raikkonen fez parecido em Suzuka, cinco anos depois. Saindo em 17º com a McLaren, punido por uma troca de motor, ultrapassou cinco pilotos só na primeira volta. Continuou passando seus adversários como se fosse o último GP de sua vida e, na última volta, chegou em Fisichella. Passou. Venceu.

A história conta ainda que, em 1983, Watson venceu o GP dos EUA após começar em 22º. Num circuito de rua, Long Beach. É o recorde da F-1.

Isso tudo só valoriza o que Vettel fez em Abu Dhabi.

Saindo dos boxes, em 24º lugar -ou 23º, porque De la Rosa teve problemas-, terminou a primeira volta em 20º. Chegou a 11º na 13ª volta, mas teve de entrar nos boxes para trocar pneus e bico. Caiu para o fundão de novo.

Dez voltas depois, já estava nos pontos. Na 29ª, era quarto. E, na 52ª, a três da bandeirada, passou Button e cavou um lugar no pódio.

Não, não venceu. Mas o efeito do que fez estava no rosto de Alonso. Ali, Vettel derrubou a adversário, selou o destino do Mundial. E conquistou algo além, inestimável: respeito de quem ainda desconfiava de seu talento.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página