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Minha história - Kimberly Alexis Boulos, 25

Uma americana no Haiti

(...)Jogadora de futebol conta por que trocou o profissionalismo para ajudar as vítimas do terremoto que devastou o país da América Central

RENATO MACHADO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PORTO PRÍNCIPE

RESUMO - Kimberly Alexis Boulos nasceu em Nova York, onde aprendeu a jogar futebol. Defendeu times americanos na liga universitária e profissional. Depois, transferiu-se para a Suécia. Impressionada com a destruição causada pelo terremoto de 2010, escreveu ao técnico da seleção feminina do Haiti perguntando o que poderia fazer para ajudar. "Venha jogar pela gente", foi a resposta. Ela foi. Soma nove jogos e dois gols.

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A minha ligação com o futebol e com o Haiti tem uma origem comum, que é o meu falecido avô John Boulos.

Meus familiares foram para o Caribe fugindo de guerras no mundo árabe no início do século passado. Ele nasceu no Haiti, mas foi ainda pequeno para Nova York, onde se tornou jogador e entrou para o Hall da Fama do esporte nos Estados Unidos.

Sou um pouco haitiana e uma parte da minha família mora no país, principalmente primos. Por isso, o terremoto de janeiro de 2010 teve em mim um impacto muito forte. Felizmente, os meus parentes estavam bem. Mas as imagens da destruição, as mortes e a situação dos sobreviventes me afetaram e eu quis fazer algo para ajudar.

Eu também já havia me tornado jogadora de futebol. Comecei a minha carreira na região de Nova York, jogando durante o meu período na escola, depois, nos campeonatos universitários. Cheguei à liga principal dos EUA.

Ultimamente morei na Suécia e joguei profissionalmente pelo Bollstanäs SK, que disputou a divisão de acesso da liga, que é considerada a principal do mundo no futebol feminino.

Em uma das minhas folgas na Europa, no mês passado, também cheguei a jogar futebol de praia pelo Flamengo. Nós vencemos um torneio disputado no Canadá, com equipes como a Inter de Milão e o Tijuana (México).

Por essa minha ligação com o futebol, quis focar minha ajuda ao Haiti por meio do esporte. Três meses após o terremoto, escrevi para o então técnico da seleção feminina haitiana, Gaspard D'Alexis, e perguntei o que poderia fazer para contribuir com a reconstrução do país.

Ele me respondeu: "Você pode jogar para a gente".

Eu tinha na época 22 anos e foi então que resolvi adotar a cidadania haitiana.

Virei titular do time e disputei até agora as seletivas para a última Copa do Mundo e para os Jogos Olímpicos.

Nas duas fomos bem na primeira fase, vencendo todos os países do Caribe. Nosso problema é que na fase final das eliminatórias da Concacaf disputamos a vaga com os Estados Unidos e com o Canadá, que são duas potências na modalidade.

Como a próxima Copa do Mundo será no Canadá, em 2015, as canadenses terão uma vaga garantida. Assim, vai abrir uma para a região da Concacaf. Será nossa chance de levar o Haiti pela primeira vez para um Mundial.

Outra parte da minha contribuição pretendo começar no final do ano. O plano é seguir para fazer parte do projeto Academia Pérolas Negras, que a ONG brasileira Viva Rio desenvolve no Haiti.

Um centro de treinamento foi construído em uma área afastada de Porto Príncipe. Lá, os garotos e garotas moram, se alimentam, estudam e treinam. A ideia é tentar ajudar no que for preciso, com os instrutores, divulgando o projeto ou apenas jogando futebol com eles.


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