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Com diferentes provas, circuito de maratona aquática em SP quase dobra total de inscritos em quatro anos

FABIO LEITE DE SÃO PAULO

Alan, 12, fazia a estreia em competição. Luiz, 24, apenas um "treino de luxo" na represa. Eduardo, 31, nem bebeu na noite anterior para não "pedir água" no meio da prova. Por causa da gravidez, Olívia, 31, nadou sem bater as pernas para não ficar parada.

Já Rosana, 46, fez a travessia praticamente no braço por conta da deficiência física. E Milton, 81, abandonou a bengala para manter a invencibilidade de 11 anos. Razões tão diversas como essas têm feito da maratona aquática um fenômeno em São Paulo.

A modalidade, que virou esporte olímpico em Pequim-2008, quase dobrou em número de nadadores inscritos nos últimos quatro anos, quando uma associação formada por clubes e academias paulistas criou um circuito paralelo ao da federação paulista de natação.

"Vamos fechar 2012 com 9.700 inscrições. Antes, eram 5.100. É o segundo maior circuito do mundo, só perde para o italiano, que tem 11 mil", disse Igor de Souza, diretor de águas abertas da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) e organizador do circuito, que teve nove etapas neste ano.

A última delas ocorreu no domingo passado, na represa Billings, em São Bernardo (Grande São Paulo), e contou com 1.300 nadadores.

Entre eles, o estreante Alan Elias do Nascimento, morador do Jardim Ângela, zona sul da capital, mas que parecia nadar em casa. "Aqui é igual ao lugar onde treino. A gente sabe que puxa um pouco", contou antes de encarar os 750 metros da prova curta.

A explicação para a experiência do novato estava escrita na touca: Talentos do Capão. Alan é uma das 75 crianças e adolescentes que aprenderam a nadar na represa Guarapiranga por meio do projeto social do Capão Redondo, que tem dois anos.

Tão tranquilo quanto Alan estava Luiz Rogério Arapiraca. Recordista sul-americano dos 1.500 m livre, o atual campeão da Travessia dos Fortes, em Copacabana, no Rio, nadaria os 4 km como parte de um treino cujo objetivo principal está nos Jogos de 2016.

"Desde que virou prova olímpica, a gente dá uma atenção especial à maratona aquática. É mais uma chance de disputar a Olimpíada."

Já para o metalúrgico Eduardo Almeida o circuito de maratona aquática é sinônimo de viagens pelo país.

"Já aluguei uma casa com piscina por R$ 500 num condomínio fechado em Boraceia para o Fuga das Ilhas. A gente vai no sábado, faz um churrasquinho, joga um vôlei e nada no domingo", declarou Almeida.

A Fuga das Ilhas ocorre pelo sexto ano no dia 2, na Barra do Sahy, em São Sebastião, litoral norte de SP. Os nadadores são levados de escuna e largam a 1,5 km da praia.

De tão badalada, virou uma espécie de São Silvestre das travessias, obrigando a organização a limitar em 2.500 o número de inscritos.

Para a enfermeira Olívia Gaube, 1,5 km é pouco. No próximo dia 24, ela nadará, pela nona vez, a prova 14 Bis, de 25 km, no canal que liga Guarujá a Bertioga.

Desta vez, grávida de quatro meses. "Nunca faltei um ano. Fiquei dois meses parada com risco de aborto prematuro. Mas o médico deixou voltar moderadamente", contou Olívia, que, no domingo, poupou as pernas.

O esforço pontual de Olívia já faz parte da rotina de Rosana Selicani há 12 anos. Nadadora por Jacareí, ela perdeu a perna esquerda num acidente de moto em 1991. "Antes fazia 25 metros no sufoco", disse a bicampeã da Travessia dos Fortes.

Nenhum maratonista tem o currículo do policial rodoviário federal aposentado Milton Andrioli, 81, o mais velho entre os nadadores.

O homem que aprendeu a nadar no rio Corumbataí, em Cordeirópolis (a 158 km da capital), reina em qualquer tipo de prova desde 2001. "Voltei a nadar há 11 anos e estou há 11 anos invicto."


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