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Edgard Alves

Motivações cubanas

Cuba facilitou viagem ao exterior, mas dúvida sobre fugas, sobretudo de esportistas, ainda continua

O GOVERNO de Cuba anunciou recentemente uma reforma das suas leis de migração.

Determinou, entre outras medidas, o fim da exigência de permissão para que cubanos viajem ao exterior, deixando aberta a possibilidade de manter o veto a alguns segmentos, entre os quais o dos esportistas. As novas regras entram em vigor a partir de janeiro.

Isto posto, permanece a dúvida sobre se continuarão ou não a ocorrer as propaladas fugas (ou "deserções", como a mídia costuma denominar) de atletas cubanos durante as viagens.

Este talvez seja o principal trauma das seleções cubanas, que, vira e mexe, sofrem desfalques.

O Brasil talvez tenha sido o palco pioneiro desses enredos de fuga de cubanos. É o tipo de aventura que acaba retocada com fatos mirabolantes, sensacionalistas. Nos anos 60/70, o país abrigou fujões famosos, entre outros, como o inglês Ronaldo Biggs, um dos assaltantes de recheado trem pagador na Inglaterra, e o famigerado médico nazista Joseph Mengele, que passou sigiloso enquanto esteve por aqui.

No entanto também acolheu esportistas cubanos que deixaram o país caribenho por motivos diversos ou por estarem insatisfeitos com os rumos da revolução comandada por Fidel Castro, vitoriosa em 1959.

O primeiro deles que se tem conhecimento envolveu um personagem ainda ativo no esporte brasileiro e mundial, o médico Eduardo De Rose, destacado especialista em doping. Foi durante a Universíade (espécie de Olimpíada de universitários) de 1963, em Porto Alegre (RS).

De Rose, então estudante de medicina e estagiário em um pronto-socorro, providenciou ambulância e até batina para que um cubano fugisse, disfarçado de padre.

O jogador de basquete Roberto Perez Ondarse saiu de Porto Alegre e chegou a São Paulo, onde esperou pela regularização de sua situação.

Não sei o que ele alegou para obter os documentos, mas sua decisão tinha sido tomada por amor, que resultou em casamento três anos depois, durou dez anos e gerou duas filhas.

A amada, Maria Lúcia Caldeira, a Marilu, era da equipe brasileira de atletismo.

Outra alegada "fuga por amor" foi protagonizada pelo ciclista Michel Fernandez Garcia, no Pan de 2007, no Rio de Janeiro.

Ele morou com a paixão brasileira por quatro meses em Osasco, na Grande São Paulo. O namoro terminou, mas ele não foi embora do país.

O Pan deixou ainda por aqui Rafael Capote, do handebol, e Lazaro Ramirez, técnico de ginástica.

O caso de maior repercussão daquele evento, no entanto, envolveu os laureados pugilistas Erislandy Lara e Guilherme Rigondeaux, capturados e deportados, numa operação cujo enredo pareceu mais o de um filme de mistério.

Em Cuba, ambos foram proibidos de lutar. Acabaram fugindo da ilha novamente para tentar a vida profissional no boxe na Alemanha, bancados por empresários que financiaram as fugas.

Centenas de atletas trocaram a ilha em busca de sucesso no exterior. Podem ter se dado bem, não sei, mas nenhum virou astro.


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