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Edgard Alves

Tiro no escuro

Tornar a Superliga itinerante é risco para a competição e nada ajuda na expansão do vôlei

A proposta da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) de tornar itinerante a Superliga, a principal competição nacional entre clubes, é intrigante. A modalidade tem suas principais equipes concentradas na região Sudeste e não consegue romper essa fronteira. A disputa feminina da Superliga começou com dez times, contra 12 da edição anterior -nove do Sudeste e um do Sul; a masculina, com 12, só dois do Sul.

É importante destacar que, menos de quatro meses atrás, em Londres, o Brasil conquistou no vôlei o título de bicampeão olímpico no feminino e a medalha de prata no masculino, categoria na qual arrebatou seu primeiro ouro em Barcelona-92 e repetiu a dose em Atenas-04. Na verdade, a modalidade, que desfruta da imagem de bem-organizada, tem como grande trunfo o fato de sempre conseguir renovar o contrato de patrocínio com o Banco do Brasil e de manter o alto nível de suas seleções, além de um trabalho de sucesso no vôlei de praia.

A causa do descompasso no plano nacional de participações na Superliga, segundo texto publicado por Fernando Itokazu nesta Folha, na última quinta-feira, foi atribuída pelo dirigente Ary Graça à condição de o evento ser um produto de excelência, de alto custo, e por isso ficar concentrado nas regiões mais abastadas do território nacional. Em outras palavras, a força econômica do Sudeste respalda os times, os torneios e os atletas.

Na verdade, o vôlei enfrenta barreiras semelhantes às deparadas pelos demais esportes: ausência de uma política nacional consistente para o desenvolvimento esportivo, falta de verbas, carência de técnicos especializados e, principalmente, ausência de dirigentes que arregacem as mangas para o árduo trabalho na gestão do setor, em clubes, federações ou organizações governamentais. O esporte necessita de dirigentes, os chamados cartolas, para a movimentação do setor. Entretanto, a falta de alternância no poder fulmina o estímulo à formação de novos cartolas, consequentemente, transformando-se numa barreira à expansão esportiva.

Ary Graça, por exemplo, eleito em setembro presidente da FIVB (Federação Internacional de Vôlei), não abdicou do mesmo cargo na CBV, da qual apenas solicitou uma licença. Ele também ocupava a presidência da confederação sul-americana. Nas últimas três décadas, a CBV teve apenas dois presidentes. Praticamente no mesmo período, a FPV (Federação Paulista de Vôlei) continua sob o comando de Renato Pera. São exemplos do vôlei, assunto em pauta.

Por isso, transformar a Superliga num circo, com exibições em várias regiões, pode servir às marcas dos patrocinadores -embora a TV já cumpra esse papel-, dificilmente plantará semente para a expansão nacional da modalidade. Para tanto, é preciso muito trabalho, e vontade esportiva e política.


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