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 18º Festival É Tudo Verdade

Retrospectiva traz revolução de Vertov

Homenagem exibe sete longas do cineasta russo pioneiro no retrato da sociedade de seu país em documentários poéticos

Para o diretor, o cinema deveria se afastar do teatro e da literatura para se afirmar como uma arte autônoma

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

Homenageado com uma rara e fundamental retrospectiva no É Tudo Verdade, Dziga Vertov (1896""1954) foi uma revolução no cinema dentro de uma revolução política (a russa, no caso).

Nascido como Denis Abramovich Kaufman em Bialystok (então Império Russo, hoje Polônia), seu pseudônimo é a união das palavras "vertov" (fazer girar, rodar) e "dziga" (onomatopeia para o girar da manivela da câmera).

Seu cinema era sobretudo uma arte do movimento: das máquinas e dos homens, da manivela e da montagem. Entre os muitos princípios que ele criou e descreveu em seus manifestos, talvez o mais importante seja o do cine-olho (kino-glaz, no original).

Para o cineasta russo, a câmera era capaz de captar o não visível da realidade, aquilo que está diante de nós, mas que nossos olhos não conseguem enxergar. A "poesia das máquinas" seria, assim, superior à imperfeição do humano (era, pois, um discípulo do futurismo).

Com Sergei Eisenstein, seu célebre compatriota, compartilhava a fé na montagem como fundamento do cinema. Mas, ao contrário daquele, renegava a narrativa. Defendia que o cinema se afastasse da literatura e do teatro para se afirmar como arte autônoma.

Desses princípios resultavam filmes que classificava como documentários poéticos --colagens livres, mas nunca aleatórias, de cenas da sociedade e da política soviética.

O É Tudo Verdade traz quatro curtas de sua formação, incluindo exemplares de sua "Cine-Semana" (1918-1919), pioneiros cinejornais de atualidades, e do "Cine-Verdade" (1922-1925), em que seus conceitos autorais evoluem.

Apresenta ainda sete longas, dos clássicos "O Homem com a Câmera" (1928) e "Três Canções sobre Lênin" (1934) até preciosidades como "Entusiasmo" (1930) --todos com sessões entre hoje e domingo.

Nos anos 40 e 50, Vertov encontrou grandes impedimentos para filmar diante da burocracia stalinista.

O resgate do cineasta parece ter chegado agora a seu ápice. Na eleição dos melhores filmes do cinema feita pela prestigiosa revista inglesa "Sight & Sound" no ano passado, "O Homem com a Câmera" ficou em oitavo lugar.


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