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Crítica - Artes visuais

Cai Guo-Qiang revela faceta política de sua arte

Na mostra "Da Vincis do Povo", que abre hoje, artista chinês se apropria da obra de 12 inventores populares

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

Com a mostra do artista e ativista político Ai Weiwei recentemente encerrada no Museu da Imagem e do Som (MIS), é difícil evitar comparações com a exposição do também chinês Cai Guo-Qiang, "Da Vincis do Povo", que é inaugurada hoje.

Artista conhecido por utilizar fogos de artifício e pólvora como matérias-primas, na exposição no Centro Cultural Banco do Brasil e no Museu dos Correios, Guo-Qiang apresenta uma nova faceta de seu trabalho, que também se revela bastante política.

Agora, ele se apropria da obra de 12 inventores populares, que batizam a mostra de "Da Vincis do Povo", criadores de máquinas de todo tipo: de pequenos robôs a lavadores de carro, algumas delas até consideradas subversivas pelo governo chinês, de acordo com o artista.

Essas apropriações ocorrem de várias formas: nas ruas do entorno do CCBB estão pendurados aviões, submarinos e robôs de distintos inventores. Máquinas de transporte, elas são possíveis símbolos da necessidade de mudança de um regime fechado como o chinês.

Já no terceiro andar do CCBB local estão robôs construídos por um inventor, a partir de uma encomenda de Guo-Qiang.

Esses robôs reproduzem gestos históricos da arte ocidental, como Jackson Pollock (1912 "" 1956) respingando tinta sobre telas no chão ou a performance criada por Yves Klein (1928 "" 1962), em 1949, com modelos nuas sendo usadas como pincel.

Com a proliferação de produtos chineses "genéricos" em tantas áreas, torna-se bastante irônico reproduzir momentos históricos com robôs "made in China".

A mostra ainda reúne alguns trabalhos produzidos por Guo-Qiang, como telas feitas a partir da explosão de pólvora --a mais impressionante delas, com 18 metros de altura, ocupa o vão central do CCBB.

Poética, a mostra revela que nem só de ativismo explícito reside a expressão política da arte.


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