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Rejeitado por estúdios, filme de amor gay surpreende em Cannes

"Behind the Candelabra", de Steven Soderbergh, conta história real do pianista Lee Liberace

"Se for meu último filme, saio orgulhoso do cinema", afirmou o diretor, que anunciou aposentadoria em 2012

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Apesar de o italiano "La Grande Bellezza" ter se tornado um dos favoritos à Palma de Ouro ao ser exibido anteontem à noite, a manhã seguinte foi completamente dominada por Michael Douglas e sua interpretação do pianista gay Lee Liberace (1919-1987) em "Behind the Candelabra", em tese o último filme de Steven Soderbergh.

Douglas, cujo nome foi aplaudido durante a exibição dos créditos, não só tem um desempenho memorável no drama verídico sobre o caso de amor subversivo de Liberace por Scott Thorson (Matt Damon), um jovem 40 anos mais novo que escreveu o livro homônimo, como roubou a cena em sua entrevista para a imprensa mundial em Cannes.

Emocionou-se ao lembrar que esse é o primeiro grande filme que fez desde que se curou de um câncer na garganta ("Vou agradecer eternamente a Steven e Matt"). Contou como viu pessoalmente Liberace quando tinha 12 anos e achou estranho seu "cabelo fora de lugar". "Agora eu entendi o porquê", disse, referindo-se à peruca usada pelo seu personagem.

Idolatrado pelas mulheres nos anos 1970 e 1980, o pianista se apresentava constantemente em Las Vegas, onde possuía uma casa extravagante, andava com anéis de ouro e casacos brilhantes. Era gay, adorava mocinhos que o fizessem lembrar a sua imagem quando jovem, mas nunca saiu do armário --sua morte, de Aids, foi anunciada como um ataque cardíaco.

PORTA FECHADA

"O aspecto sociopolítico não estava na minha mente quando fiz o filme. Só queria fazer essa estranha relação parecer realista e íntima", declarou Soderbergh, que não conseguiu vender o projeto para estúdios e terminou recorrendo ao canal de TV HBO, que apoiou as cenas de sexo entre Douglas e Damon.

"Os estúdios achavam que o apelo do filme seria para o público gay. Hoje, quando olham para a crise econômica e pensam em gastar US$ 25 milhões em um filme assim, acham arriscado. Mas não posso reclamar, a TV vive sua segunda era de ouro."

"O problema não é o tema gay, mas o fato de que nenhum estúdio se preocupa mais com filmes menores. Só querem apostar em blockbusters para não correr riscos", reclama Michael Douglas.

A dificuldade de financiar longas ousados sem super-heróis ou vampiros levou Soderbergh a anunciar sua aposentadoria, no ano passado.

Mas, sentindo os ares de Cannes, onde ganhou a Palma de Ouro por "Sexo, Mentiras e Videotape", em 1989, ele já começa a relutar.

"Eu definitivamente vou dar uma parada depois de Behind the Candelabra', mas não sei por quanto tempo", despistou ele. "Se for meu último filme, posso dizer que saio orgulhoso do cinema."


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