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"Faroeste Caboclo" foca no amor trágico entre João e Maria

Diretor constrói com detalhes paixão dos protagonistas, abalada por Jeremias e pelo envolvimento com crime

Ator diz que tentou fugir de maniqueísmos ao retratar Santo Cristo, caracterizado como um anti-herói por professor

IURI DE CASTRO TÔRRES DE SÃO PAULO

Fabrício Boliveira é muito diferente de João de Santo Cristo, o mítico protagonista da canção "Faroeste Caboclo" que ele interpreta no cinema.

Falastrão e de sorriso fácil, o ator de 31 anos teve como missão incorporar um tipo endurecido pela vida, pouco simpático e a caminho de uma vingança sangrenta.

"As pessoas torcem pelo João, mas ao mesmo tempo não acreditam nele, não confiam nele o tempo inteiro", afirma Boliveira, que participou da série "Subúrbia" (2012), da Globo, entre outros trabalhos na TV e no cinema.

"Tentei fugir de qualquer esquema maniqueísta, de bem contra o mal, mocinho e vilão", diz o ator.

No filme, João vai para Brasília atrás de um primo distante de seu pai, Pablo, após passar alguns anos no reformatório por vingar a morte do pai por um policial militar.

Já nos primeiros dias na capital federal, envolve-se no esquema de venda de drogas de Pablo e é pego pela polícia. Na fuga, entra escondido em um apartamento de classe alta e conhece Maria Lúcia.

"Na música, Maria Lúcia entra em uma estrofe e, cinco estrofes depois, ela já está grávida, então você tem que criar esse romance", explica o diretor, René Sampaio.

"Faroeste Caboclo" estreia em 400 salas em todo o país e teve orçamento de R$ 10 milhões, incluindo distribuição e ações de marketing.

PAIXÃO TRÁGICA

A paixão trágica dos dois embala o faroeste contemporâneo. Jeremias (Felipe Abib), amigo de Maria Lúcia e apaixonado pela mocinha, não aceita o enlace e transforma a vida de João em um inferno.

Maria Lúcia, filha de um senador vivido por Marcos Paulo (1951-2012) em seu último trabalho no cinema, fica dividia entre o amor por alguém tão diferente e o conforto de uma boa vida.

"A troca do João e da Maria é tão bonita e diferente, atípica de um mocinho e uma mocinha", analisa Isis Valverde, 27, a Suelen de "Avenida Brasil" sobre sua primeira personagem no cinema.

"Ele trouxe para ela dureza, confiança e força; ela deu pra ele mais delicadeza, fragilidade. Esse homem é muito duro", afirma.

A jornada de João de Santo Cristo até a redenção, passando por provações como o envolvimento com o crime, o insere no rol de anti-heróis brasileiros, diz Luiz Gonzaga Motta, professor da UnB (Universidade de Brasília) que analisou a letra da música em um artigo recente.

"São heróis porque são vítimas de um sistema. Há uma meta-história que é a narrativa de grande parte da população, do migrante que vai para a periferia de uma grande cidade, se deslumbra, tenta melhorar de vida e não dá certo. João representa isso."

Para Boliveira, "Faroeste Caboclo" mostra "como o Brasil trata alguns de seus filhos".

Segundo ele, "em tempos de [Marcos] Feliciano", presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados que já fez comentários considerados racistas, "um filme que discute amor, preconceito e intolerância social e racial vem a calhar".

"Faroeste' é autoconhecimento, trabalha como um espelho para a gente", afirma o ator.


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