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Nacionalismo está em baixa nas representações
DO ENVIADO A VENEZAA Argentina levou ao pé da letra a ideia de representação nacional na 55ª Bienal de Arte de Veneza, e exibe em seu espaço uma exposição dedicada a Eva Perón, feita pela artista Nicola Constantino.
A obra retrata Evita em funções públicas e privadas, como ao se pentear olhando para o espelho em seu quarto, na interpretação de uma atriz. A instalação termina com projeções da Evita real, em colossais manifestações públicas. Parece propaganda política, o que é estranho em uma mostra de arte.
A Bienal de Veneza surgiu em 1895 e, junto com ela, a ideia de uma exposição baseada em representações nacionais, ou seja, artistas e obras indicados oficialmente por países.
Isso já ocorria em outras áreas: era comum, por exemplo, com novas máquinas nas chamadas exposições universais.
Possivelmente por isso, Veneza sempre teve um caráter competitivo, que é consagrado com o Leão de Ouro, o prêmio para melhor pavilhão e artista.
Mas países não costumam enviar imagens políticas de publicidade, já que a seleção costuma ser feita por especialistas.
Mas a Argentina é mesmo exceção. E uma das surpresas dessa Bienal foi França e Alemanha terem trocado de pavilhão, uma sinalização clara pela quebra de nacionalismos.
No pavilhão da Alemanha, a França exibe o artista albanês Anri Sala, há anos radicado no país, o que aponta para como os responsáveis pela indicação não concordam com políticas de xenofobia em ascensão no país.
Também a Alemanha, no pavilhão da França, apresenta artistas de outros países, como Dayanita Singh, da India, Santu Mofokeng, da África do Sul, e o polêmico chinês Ai Weiwei, que não pode vir a Veneza. O artista chinês é responsável por uma das obras mais impactantes da Bienal, composta por centenas de bancos de madeira, que criam uma escultura penetrável.
Mesmo o Brasil, na curadoria do venezuelano Luis Pérez-Oramas, apresenta em sua seleção o italiano Bruno Munari (1907-1998), tendo pela primeira vez um estrangeiro, que nunca esteve no Brasil, representando o país.
Nacionalismo, com exceção da Argentina, está em baixa em Veneza.