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Cortes na 'Granta' minarão qualidade, afirma editor
Para John Freeman, enxugamento da revista inglesa não afeta edições internacionais
Versão brasileira da centenária publicação é editada com periodicidade semestral desde 2007
"Trabalhamos como cães para reduzir despesas e revitalizamos a revista. Não iria premiar a equipe com demissõesJOHN FREEMANeditor da revista 'Granta' inglesa
As demissões ocorridas nas últimas semanas na "Granta", uma das principais revistas literárias do mundo, devem afetar a qualidade da publicação inglesa, na opinião do editor John Freeman.
O americano, primeiro a pedir as contas, diz que tomou a decisão ao perceber que Sigrid Rausing, herdeira da Tetra-Pak e dona desde 2005 da centenária "Granta" (criada em 1889 por estudantes da Universidade de Cambridge), planejava realizar cortes na revista e no selo literário de mesmo nome.
"Trabalhamos como cães para reduzir despesas e revitalizamos a revista. Eu não iria premiar a equipe com demissões", disse ele à Folha.
Freeman fica até agosto na publicação. "Acho que os cortes terão efeito sobre a qualidade. Eu editava a Granta' com o mínimo necessário de pessoas para entregar uma revista bem-feita."
Dos 12 funcionários da revista, três pediram demissão e três foram demitidos. Houve cortes ainda na área de livros, e outros estão previstos. O escritório em Nova York será fechado.
Ao jornal britânico "The Guardian", Sigrid Rausing disse que assumirá o controle operacional e executivo da empresa, e que juntará numa única vaga, ainda a ser preenchida, os cargos de editor da revista e de livros.
"O mercado vive um momento difícil. Temos sorte aqui porque posso subsidiar a Granta', podemos fazer coisas difíceis para editores de outras casas. Não tenho a expectativa de que a revista vá se tornar rentável, mas espero isso da área de livros", afirmou Rausing.
CRESCIMENTO EM XEQUE
Freeman teme que a expansão internacional seja afetada por causa da reorganização do organograma.
A "Granta" terá edições em 14 países até 2014, quando chegará à Finlândia, ao Japão, a Israel e à Romênia, mas negociações para lançá-la em países como Alemanha, França e Dinamarca podem ser interrompidas.
Mas tanto ele quanto Marcelo Ferroni, da Alfaguara, que edita desde 2007 a "Granta" brasileira, não esperam interferência nas edições internacionais que já circulam.
"O trabalho é autônomo. Às vezes, recebemos sugestões, mas a decisão final é nossa, com metade dos textos de autores nacionais e metade escolhida das edições internacionais", diz Ferroni.
Semestral, a "Granta" brasileira chegará neste ano ao 11º volume, com a mais recente lista de melhores jovens escritores em língua inglesa.
Cada edição nacional vende em torno de 2.500 exemplares, a saber, menos de 5% da circulação da "Granta" inglesa, trimestral, que chega aos 55 mil.
A "Granta" de melhores jovens autores brasileiros foi a mais vendida aqui, com 6.000 exemplares, de uma tiragem inicial de 10 mil.