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Bienal do Mercosul revê elo da arte com empresas

Em Porto Alegre, nona edição do evento promove intervenções em grandes corporações

FABIO CYPRIANO ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Nos últimos três meses, a artista britânica Lucy Skaer está interferindo na linha de produção de uma grande empresa brasileira, a Celulose Irani, em Porto Alegre, para alterar a configuração de um de seus produtos. O mesmo ocorre com a brasileira Cinthia Marcelle --no seu caso, a Gerdau.

Ambas fazem tais intervenções a pedido da mexicana Sofía Hernández Chong Cuy, diretora artística da nona Bienal do Mercosul, que em seu projeto retoma propostas dos anos 1960 e 1970 de aproximar a arte de grandes corporações.

"Quando cheguei a Porto Alegre, sabia que essa era uma região com muitas empresas e que a própria bienal tinha sido criada por empresários. Achei, então, que era a ocasião de desenvolver um projeto no qual não apenas recebêssemos dinheiro deles mas também se criasse um diálogo", disse Cuy, em entrevista à Folha há duas semanas, quando esteve na capital gaúcha para divulgar os 66 artistas da mostra programada para setembro (veja lista: 9bienalmercosul.art.br).

Intitulada "Se o Tempo For Favorável", a Bienal aponta para questões como a viabilidade de cooperações políticas, sociais e culturais --eixo a que o nome da mostra faz referência metafórica.

Nesse sentido, uma das inspirações para Cuy foi o projeto Experiments in Art and Technology (experimentos em arte e tecnologia), organização criada, em 1966, pelo cientista Billy Klüver (1927-2004) com o artista Robert Rauschenberg, entre outros.

Ele visava a proporcionar colaborações entre engenheiros e artistas, como o músico John Cage e a coreógrafa Lucinda Childs.

"O EAT foi um projeto que sempre consultei, pois ele passou de um trabalho de gestão de colaboração para a gestão cultural mais ampla", conta Cuy.

ARTISTAS E EMPRESAS

Desse período, a curadora leva para Porto Alegre duas obras emblemáticas: "Mude/Muse", de Rauschenberg, uma piscina de lava vulcânica ativada por sons e realizada com a empresa Teledyne, e "Cave", de Tony Smith (1912-1980), uma imensa escultura de papel feita com a American Container Corporation. Ambas foram criadas em um outro projeto de arte e tecnologia, conduzido pelo Lacma, o museu municipal de Los Angeles, nos Estados Unidos, em 1969.

Para a curadora, retomar tais projetos é uma forma crítica de perceber como se desenvolveu a relação entre artistas e empresas.

"Nos anos 1960, os projetos eram para o desenvolvimento de experimentos colaborativos. Depois, as parcerias se deram no âmbito da criação de imagens corporativas", diz.

Essa mudança, segundo Cuy, partiu de quem conduzia o processo de colaboração nas empresas.

"Antes, eram os departamentos de inovação, depois passaram a ser os de marketing. Foi ao me dar conta disso que achei necessário fazer uma ruptura e voltar para a arte que manifesta algo que ainda não existe".


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