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"Antes da Meia-Noite" discute amor no cotidiano

Casal enfrenta envelhecimento do romance na terceira parte da saga

Trilogia é inspirada em experiência real de diretor; rankings colocam filmes entre os melhores do gênero

MATHEUS MAGENTA DE SÃO PAULO

"Isso poderia virar um filme", disse o cineasta Richard Linklater, após passar a noite com uma garota que tinha acabado de conhecer no outono de 1989, em uma viagem.

Dito e feito. Nesta sexta, chega aos cinemas do país "Antes da Meia-Noite" (2013), a terceira parte da saga de Jesse e Celine, jovens que se apaixonaram numa noite em Viena (mais precisamente no filme "Antes do Amanhecer", de 1995) e agora precisam reencontrar o amor romântico e idealizado perdido na rotina de filhos, envelhecimento, angústias e contas a pagar.

Linklater beirava os 30 anos quando viajou a Filadélfia para visitar sua irmã. Em uma loja de brinquedos conheceu Amy Lehrhaupt, de 20 e poucos. Aproveitou a sensação de liberdade e desapego do momento para convidar aquela garota, "doida, linda e com uma energia maravilhosa", para sair após o expediente da loja.

Passaram a noite vagando pela cidade, com flertes e conversas aleatórias.

O evento deu origem a longas que figuram em diversas listas entre os melhores filmes românticos de todos os tempos, como a do jornal inglês "The Guardian". O flerte jovial de "Amanhecer", por exemplo, seduziu o júri do Festival de Berlim de 1995, que deu ao filme o Urso de Prata (equivalente ao segundo lugar).

"Algumas pessoas me dizem que esse filme é mais sombrio porque Jesse e Celine estão brigando, ou menos românticos, mas eu sinto que eles estão brigando porque ainda têm o desejo de estar conectados", diz o ator Ethan Hawke, que vive Jesse, em entrevista para divulgar o filme.

Segundo a atriz Julie Delpy, que interpreta Celine, os filmes não são autobiográficos, mas estão carregados de elementos da vida do trio responsável pelo roteiro de "Antes da Meia-Noite": o diretor Richard Linklater e sua dupla de atores, Delpy e Hawke.

Amy Lehrhaupt, musa primeira que "ecoa pelos filmes", teve um destino trágico. Linklater fantasiava reencontrá-la em exibições de "Antes do Amanhecer", tal como o personagem Jesse em "Antes do Pôr do Sol", de 2004, que usava o livro que escrevera sobre a noite em Viena para tentar restabelecer contato com o objeto da sua paixão.

Mas Linklater não teve a mesma sorte que seu personagem. O cineasta soube, com quase uma década de atraso, que Amy tinha morrido num acidente de moto em 1994, aos 25 anos. "Antes da Meia-Noite" é dedicado a ela.

A narrativa dos dois primeiros filmes traz uma corrida contra o tempo dos protagonistas para extrair o máximo de uma noite em Viena ou uma tarde em Paris. Agora, segundo Linklater, "Meia-Noite" não tem "contagem regressiva ou bomba-relógio".

"Gosto da ideia de abrir esse filme com o preço pago por eles, a decisão que Jesse tomou [de deixar a mulher para viver com Celine] e o rumo de suas vidas. Você não pode simplesmente seguir suas paixões e deixar tudo pra trás. Vai machucar pessoas", diz. "Ao final do segundo filme, você é levado a achar que tudo seria perfeito para eles. Mas a vida não é assim."

DISCUTINDO RELAÇÃO

Para Hawke, o filme trata das consequências de tentar transformar sonhos em realidade. "Para cada caminho que se segue, há outro que se deixou de seguir", diz. E assim lidamos com a nostalgia de rumos não trilhados.

O terceiro filme da série começa com um dos preços pagos por Jesse por deixar sua mulher para viver com Celine --o protagonista precisa se despedir do filho, que voltará à casa da mãe após um período na Europa com o pai.

É na Grécia que Jesse e Celine discutirão sobre temas mais concretos do que os abordados nos primeiros filmes (almas, sexo entre macacos, feminismo etc.), como envelhecimento, criação dos filhos (eles têm agora duas meninas), fidelidade e amor.

"Não poderíamos nos afastar totalmente do romantismo, senão seria deprimente", descreve Delpy. "Senão faríamos um Quem Tem Medo de Virgina Woolf?'", diz Hawke, em referência ao filme de 1966, em que Richard Burton e Liz Taylor travam uma discussão quase interminável e, por que não, semibiográfica.


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