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Teatro

Visão de filho de traficante conduz peça ' Festa no Covil'

Espetáculo adapta livro sobre um garoto cercado de mordomias, mas sem liberdade

Monólogo que estreia amanhã no Sesc Consolação se inspira em livro do mexicano Juan Pablo Villalobos

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O menino Tochtli não sabe muitas coisas. Ainda não entendeu, por exemplo, que violência não faz parte do cotidiano de toda criança. Ou que a percepção da realidade é relativa. Na primeira adaptação teatral de "Festa no Covil", romance de estreia do mexicano Juan Pablo Villalobos, que entra em cartaz amanhã sob direção de Mika Lins, o garoto discorre sobre o mundo a partir de sua visão limitada.

Tochtli é mais inexperiente do que as crianças de sua idade. Filho de um rei do narcotráfico, é uma espécie de príncipe encarcerado. Não vai à escola. Aprende "coisas da vida" com um tutor. Tem tudo o que deseja, exceto a liberdade -- apesar de não se dar conta disso--, e testemunha atrocidades com naturalidade.

"Festa no Covil" apresenta, portanto, uma realidade brutal amenizada pelo olhar ingênuo de uma criança. "Tento falar dos grandes temas do México, como violência, corrupção e injustiça --e, por meio deles, de histórias íntimas", diz o escritor que, ao enquadrar a violência sem o peso que geralmente vem a tiracolo, compõe um retrato original de seu país.

Para Lins, a história é universal. "Nesse lugar avessamente privilegiado, Tochtli, com sua inocência desconcertante e sua inteligência afiada, faz um relato sórdido, nefasto, patético e fulminante que se refere ao México, mas serve para o mundo todo ", diz a diretora.

Marcos de Andrade, recém-saído do CPT (Centro de Pesquisa Teatral, coordenado por Antunes Filho), faz seu primeiro monólogo. Para compor o garoto, conta ter passado por um processo de "limpeza" do conhecimento acumulado em oito anos de CPT.

"Tive que me desfazer de minha inteligência como ator, de todo o aprendizado que tive até aqui, para interpretar este menino que fala coisas sem qualquer sinal de ironia ou julgamento", diz.


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