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Ilustrada

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Réplica

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Crítica se restringe a condenar a proposta, e não o espetáculo

PAULO FARIA ESPECIAL PARA A FOLHA

A crítica teatral Carolin Overhoff Ferreira assistiu ao espetáculo "Homem Não Entra" em 18 de maio, noite da Virada Cultural, quando todo o elenco da Cia. Pessoal do Faroeste teve de enfrentar o som externo que vinha das cercanias tomadas pela festa --para a qual, aliás, não fomos convidados pelo poder público. Outras companhias da região fecharam as portas.

Nós não. Fomos duelar na rua do Triunfo, dentro e fora do teatro, como fazemos desde a estreia. Pagamos o preço.

Convidei Carolin para voltar num outro dia e assistir ao espetáculo do jeito como foi concebido, com os atores se ouvindo em cena e as deixas de luz e som sendo devidamente respeitadas.

Ela me respondeu que não seria necessário. Quando li a crítica que ela escreveu na "Ilustrada" no dia 3 de junho, entendi a razão.

Não há nada sobre a montagem ali. É quase como se o texto já estivesse pronto antes mesmo de ela botar o pé na Boca do Lixo.

A crítica se restringe a condenar a proposta, e não o espetáculo: "Fazer teatro político na cracolândia é louvável e necessário. A alusão ao western spaghetti não proporciona o melhor caminho".

Se para ela esse não é o "melhor caminho", que diferença faz o que está no palco? Talvez ficasse feliz com um "Encouraçado Potemkin" teatral, no qual atores interpretassem "noias" que discursam sobre o quão difícil é viver na cracolândia, esquecidos pelo Estado.

VISÃO ELITISTA

Se o cineasta John Ford (1894-1973) desse ouvidos a críticas assim, haveria "Rastros de Ódio" (1956)? Ou o diretor Sergio Leone (1929""1989) teria feito "Era uma Vez no Oeste" (1968)?

Será que Carolin entende o valor de faroestes como "Gringo" (1966) e "Companheiros" (1970) enquanto metáforas da Guerra do Vietnã?

Ela diz que a peça é "regular", mas não esclarece onde falhamos em nosso diálogo com essa tradição.

A visão elitista da análise poderia ser sintetizada numa sentença: western para falar de temas sérios eu não aceito. O público que lota nossa sede aceita.

Como nos tempos do western feijoada, o povo não tem dificuldade alguma para entender a proposta; são os intelectuais que têm dificuldade para explicar.


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