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Violência no ar
Onda de protestos e crimes em São Paulo eleva a audiência de programas de TV como o do apresentador Marcelo Rezende
Os últimos picos de audiência atingidos pelo programa "Cidade Alerta", da Record, atestam uma velha máxima sobre o fazer midiático: a de que violência e ibope andam de mãos dadas.
O programa bateu os 13 pontos e neste patamar se manteve, no calor da pancadaria que se espalhou pelas ruas de São Paulo na última quinta, durante os protestos do Movimento Passe Livre. Enquanto a passeata fluía sem incidentes (até as 19h10), a audiência oscilava em torno dos 9 pontos.
O "Cidade Alerta" vem numa curva ascendente. Quando Marcelo Rezende, 58, estreou no comando da atração, o ibope girava na vizinhança dos 6 pontos. Hoje, um ano depois, o jornalístico crava 9.
O concorrente "Brasil Urgente", da Band, registrava média de 7 pontos antes da escalação de Rezende para o "Alerta". Estacionou nos 4.
Publicidade nunca foi o forte desses programas. Ainda assim, Rezende conta que o número de anunciantes cresceu. "Antes, tínhamos três propagandas em cada break'. Agora são seis, a maioria para donas de casa." Ele afirma que o seu público inclui as classes A, B e C.
Mas Rezende concorda que expor crianças a seu programa não é o ideal. "Uma avó comentou que seu neto de três anos adorava quando eu falava corta' para o câmera. Eu brinquei: Tem que botar ele para ver Carrossel'."
E em que medida a alta de índices de violência na Grande São Paulo, como o de latrocínios (74% no primeiro quadrimestre), explica o quadro? Para José Luiz Datena, 56, do "Urgente", "é evidente que, com bombas explodindo, a audiência vai subir".
Às acusações de exploração da violência ou à menção da expressão "mundo-cão", os dois reagem veementemente. Datena admite que a cobertura de polícia ocupa o grosso de seu programa, mas devolve: "Proporcionalmente, a do Jornal Nacional' também". E provoca: "Novela não é violência?".
Rezende, que defende no ar a ideia de que brasileiros parem de pagar impostos, atribui o sucesso ao fato de que "as pessoas se sentem representadas". "Trazemos uma reflexão sobre cidadania e segurança, algo que nem nas escolas é discutido."