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Tadeu Jungle ganha mostra e expõe nova instalação no Rio
O diretor, videomaker, apresentador e poeta revê 30 anos de sua carreira
Retrospectiva inédita na Oi Futuro abrange todas as experimentações do artista paulista
Tadeu Jungle já foi apresentador de TV, dirigiu cinema e publicidade, se dedicou às artes visuais, escreveu poesias e pichou muro com uma delas. Há algum tempo, tem se concentrado em fazer roteiro para cinema e TV. Hoje se define como um "contador de histórias".
Todas essas facetas poderão ser vistas na mostra "Tadeu Jungle Videofotopoesia", que abre hoje (para convidados) no Oi Futuro Flamengo, no Rio --o público terá acesso a partir de amanhã.
"Eu não poderia ter deixado de fazer tudo o que fiz. Por isso, é impossível desassociar uma coisa da outra, essas trajetórias são mais importantes que uma ou outra obra", afirma o apresentador do extinto "Fábrica do Som" (1983/84) e diretor do longa "Amanhã Nunca Mais" (2011).
A retrospectiva abrange todas as experimentações do paulista e tem sua tradução na vídeo instalação inédita Cine TAMTA (Tudo Ao Mesmo Tempo Agora).
Numa sala com quatro telões, o espectador é convidado a sentar em uma cadeira de rodinhas e viajar pelos 30 anos de carreira de Jungle em 74 minutos de áudio e vídeo, que ele resume como uma "babel de imagens".
Três telas fazem, simultaneamente, um recorte de seus trabalhos, que, segundo o artista, tem "humor, violência, caligrafia, poemas e vídeos históricos e de iPhone."
A quarta projeção insere o espectador dentro da mostra por meio de uma câmera da parede. "É um espelho eletrônico que promove a quebra da ficção", explica.
ANTROPOFAGIA DIVINA
Espalhadas pelo centro cultural, as obras mais antigas provocam o visitante. Na recepção, por exemplo, um muro de vídeo com quatro televisores transmite a mensagem "Deus está aqui", com diferentes resultados.
"Essa coisa de Deus estar em todo lugar me assombrava quando era pré-adolescente", conta. "Trouxe humor para um conceito esotérico da onipresença."
A reflexão sobre tempo-espaço vem com "Você Está Aqui", frase que aparece em cada degrau da escada. Ao final dela, uma mensagem leva ao questionamento: "Se você não sabe onde está, fica difícil chegar ao lugar que você deseja".
Compiladas em grandes cadernos pretos, anotações de ideias, recortes de jornais e fotografias desde os anos 1980 formam uma espécie de vitral.
Discípulo da antropofagia de Oswald de Andrade (1890-1954) e de José Celso Martinez Corrêa (que ele registrou no documentário Evoé'), Jungle diz ter aprendido com o criador do Teatro Oficina a forma de colecionar memórias.
"A antropofagia é a minha filosofia: se alimentar de tudo e de todos e retransformar isso de alguma forma", diz.
A nova exposição renderá um livro com mais de 300 páginas, programado para o primeiro semestre de 2014. Antes, Jungle espera levar seu Cine TAMTA a São Paulo.