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Crítica música instrumental

Toninho Ferragutti e Marco Pereira unem lirismo e swing

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

O lugar ainda não está aconchegante. Falta um café e, principalmente, o estacionamento, já que os mais próximos --geralmente abertos quando há ópera no Theatro Municipal-- fechavam entre as 21h e as 22h na última quarta-feira (17).

Mas a bela Sala do Conservatório, na recém inaugurada Praça das Artes, tem tudo para se tornar um espaço importante em uma cidade que ainda carece de locais acusticamente adequados para a apresentação de solistas e pequenas formações.

Já funcionam nela duas séries (ambas concebidas por John Neschling, diretor artístico do Theatro Municipal): um ciclo de quartetos de Beethoven à cargo do Quarteto de Cordas da Cidade (às quintas-feiras), e uma temporada de música instrumental brasileira (às quartas-feiras).

Inaugurada no início deste mês, a série instrumental apresentou nesta semana o show do violonista Marco Pereira com o acordeonista Toninho Ferragutti.

Mais do que um encontro fortuito, trata-se de um trabalho amarrado com swing e lirismo pelos dois virtuoses.

Pereira --que foi aluno no velho Conservatório Dramático, na turma do pioneiro professor uruguaio Isaías Sávio (1900-77)-- é um dos que têm levado o violão brasileiro para o mundo.

Muitas de suas composições estão editadas no exterior, e fazem parte do repertório de eminentes concertistas.

"Amigo Léo" (de Pereira), abriu o programa --após citação do "Prelúdio n.3", de Villa-Lobos (1887-1959)--, seguida pela bela "Flamenta" (de Ferragutti), com sua nota dó repetida, singela, a contornar memórias caipiras.

Se a execução de Marco integra a mão direita de Baden Powell (1937-2000) à improvisação nervosa do bebop, Toninho parece somar as tradições sulistas e nordestinas do acordeão ao cool jazz de Miles Davis (1926-91).

Seu instrumento é a ressonância certa para os ataques rítmicos do violão, e sua expressividade dialoga com cada timbre e cada articulação do parceiro.

Nostálgicas e virtuosísticas, as valsas são a intersecção do gosto dos dois, que reúnem controle e risco na medida certa --a da poesia.


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