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Paraenses rejeitam domínio tecnobrega

Para músicos e produtores, investimento da rádio pública tem incentivado a cena local além de Gaby Amarantos

Nomes como Zebrabeat, Strobo, Natália Matos, Manari, Camila Honda e Juliana Sinimbú lançam discos este ano

LUCAS NOBILE DE SÃO PAULO

Mais de 7.000 quilômetros separam Abeokuta, na Nigéria de Fela Kuti (1938-1997), e Barcarena, no Pará de Mestre Vieira. Contemporâneos, os pais do afrobeat e da guitarrada, respectivamente, nunca se encontraram, mas as influências de suas músicas se unem agora por um estilo criado em solo paraense.

Trata-se do recém-gerado junglebeat (batida da selva), gênero que mescla as referências percussivas do afrobeat com ritmos do norte do país, mais especialmente do Pará, como guitarrada e carimbó.

O estilo é encabeçado pela Zebrabeat Afro-Amazônia Orquestra e conta ainda com poucas bandas, como Metaleiras da Amazônia.

A Zebrabeat mistura em seu balaio sonoro referências como Fela, Mulatu Astatke, Mestre Vieira, Mestre Solano, Curica e Aldo Sena, entre outros, e prepara para este ano o lançamento de seu primeiro álbum, com temas que podem ser ouvidos na internet (soundcloud.com/zebrabeat).

"Misturamos o groove do afrobeat com a influência que temos do Caribe e do Pará, como a guitarrada e o carimbó", diz o baterista Júnior Gurgel.

O gênero ainda flerta com referências de black music, guitarrada, zouk, carimbó, ritmos latinos, e "sons da floresta amazônica", como define o músico.

Com shows previstos para São Paulo e Rio, ainda sem data definida, a Zebrabeat Afro-Amazônia Orquestra é apenas uma das diversas bandas da cena paraense que começam a despontar e a extrapolar as fronteiras locais.

Além deles, o duo instrumental Strobo, Trio Manari --que recentemente chamou a atenção do guitarrista mexicano Carlos Santana, que deve gravar uma música do grupo--, Camila Honda, Natália Matos e Juliana Sinimbú, as três últimas com estética mais pop, são alguns que lançam discos em 2013.

Alguns, como Matos, Sinimbú e Honda, terão seus trabalhos incentivados por um edital da Natura Musical, divulgado no primeiro semestre.

FESTIVAL

Esses artistas reforçam a efervescência da produção local, que desde 2006 apresenta todo ano em São Paulo revelações e veteranos no festival Terruá Pará, bancado pelo Governo do Estado --em 2012, houve também uma edição carioca do evento.

Há no time nomes mais pop, como Felipe Cordeiro, Luê e Lia Sophia, e mais clássicos --Dona Onete, Manoel Cordeiro e Sebastião Tapajós.

Existe também uma novíssima geração local, com nomes como Enquadro, A Trip to Forget Someone, Projeto Secreto Macacos (instrumental) e Molho Negro (rock), que faz uma música popular e bem elaborada.

Com uma recente e ainda tímida difusão de sua música para o país, esse grupo de artistas nega a possibilidade de que o tecnobrega de Gaby Amarantos, o melody da Gang do Eletro e o brega do Calypso ofusquem o restante da produção paraense.

"Acho positivo o destaque do tecnobrega. Por mais que seja uma moda, abre as portas para a música do Pará", diz Marcelo Damaso, produtor e organizador do festival Se Rasgum, de Belém.

Para o guitarrista e produtor Pio Lobato, que já fez trabalhos de resgate da música dos mestres da guitarrada paraense, a produção local não corre risco de ser ofuscada.

"Acho que não vai acontecer isso porque não existe um investimento público em massa na música para festas de rua como ocorreu na Bahia, com o axé e o Carnaval", explica Lobato, que prepara um disco para o ano que vem.

Para ele, o espaço dado pela rádio pública a artistas independentes tem sido fundamental para fortalecer a cena e "fomentar essa geração".

"O que ofusca é a repetição. Gaby e Gang do Eletro representam a música paraense. Todos têm espaço para fazer música verdadeira", diz Léo Chermont, do Strobo.


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