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Teatro
Grupo exibe peças de irlandês em destaque
'Dançando em Lúnassa' e 'O Fantástico Reparador de Feridas', de Brian Friel, estão em cartaz com a Cia. Ludens
Textos dessa nova dramaturgia da Irlanda dialogam com a tradição e exploram a interioridade dos personagens
É quase impossível questionar a veracidade da história contada por Michael, narrador de "Dançando em Lúnassa", obra de maior sucesso de Brian Friel, considerado o mais importante autor irlandês em atividade.
O enredo de "O Fantástico Reparador de Feridas", peça de caráter mais experimental deste mesmo autor, também é relativo. Nele, um episódio trágico é apresentado por três personagens através de diferentes pontos de vista.
As duas montagens estão em cartaz em São Paulo, dirigidas por Domingos Nunez. "Para Friel, o real e a verdade são, em grande medida, uma invenção forjada pela memória e pelas narrativas históricas", diz Nunez.
O diretor é um dos principais introdutores da cena teatral irlandesa atual no país. Sua Cia. Ludens, fundada há dez anos, já apresentou os autores Tom Murphy ("Balangangueri, o Lugar Onde Ninguém Mais Ri") e a norte-irlandesa Marie Jones ("Pedras nos Bolsos"), além de Brian Friel. Por meio de ciclos de leituras, também difundiu a obra de Sebastian Barry, Marina Carr e Vincent Woods.
"Os textos irlandeses estabelecem pontos de contato com a realidade social e política do Brasil contemporâneo", diz. A paisagem rural e provinciana da Irlanda retratada nas obras é semelhante aos lugares vividos e visitados por ele no Brasil. Nunez também revela ter encontrado nessa dramaturgia equilíbrio entre inovação e tradição.
"Dançando em Lúnassa", por exemplo, dialoga com a obra de Anton Tchékhov (sobretudo "As Três Irmãs"). Retrata o cotidiano de cinco irmãs mergulhadas no marasmo e exalta a interioridade dos personagens --vivido por um elenco afiado, com grandes atrizes do teatro, como Denise Weinberg, Sandra Corveloni e Clara Carvalho.
