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Peça com Eva Wilma retrata o fracasso

Aos 60 anos de carreira, dama do teatro interpreta atriz aposentada que volta à cena e cai em armadilha profissional

Pedro Paulo Rangel também está em 'Azul Resplendor', com texto de autor peruano que escreve telenovelas

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

Entre 2008 e 2009, os atores e diretores Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas saíram América Latina afora em busca de bons textos desconhecidos. Visitaram México, Peru, Chile e outros países da região.

O primeiro resultado da investida traz a público uma comédia sem pudores: "Azul Resplendor", texto do peruano Eduardo Adrianzén--autor famoso em sua terra por escrever telenovelas. A peça faz um belo retrato do fracasso no teatro. Eva Wilma, 79, que completa 60 anos de carreira, está no papel principal.

Eva interpreta uma mulher que, como ela, é uma dama do teatro, só que com uma diferença básica: Blanca Estela, sua personagem, aposentou-se após uma perda. "Eu, ao contrário, jamais pensaria nisso", diz a atriz, referindo-se ao período após a morte de seu marido, o ator Carlos Zara (1930-2002). "Ele próprio voltaria para me dar um bronca", brinca a atriz.

Na peça, anos após abrir mão de sua carreira, Blanca Estela recebe o convite de um fã (Pedro Paulo Rangel). Ator frustrado, ele escreve um texto em homenagem a ela e, com recursos próprios, levanta a produção. Blanca Estela então volta à cena --para uma armadilha profissional.

A sequência de equívocos é provocada principalmente por um diretor megalomaníaco. Ególatra, ele propõe uma desconstrução do texto original. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

Em entrevista, o autor comentou características que observou ao longo da carreira: "A personagem Blanca Estela é parecida com velhas amigas ainda em atividade. São bem-humoradas e um pouco cínicas. As ilusões de imortalidade ficaram longe, mas não sofrem com isso".

Sobre o fracassado personagem interpretado por Rangel: "Conheço o tipo basicamente da TV; atores que nunca têm papéis grandes mas acham que são melhores que muitos. É triste, mas acontece".

Sobre diretores ególatras: "No Peru, quem não tem um grupo pode parar nas mãos de um desses. Felizmente, nunca trabalhei com um".

São caricaturas, é verdade. Mas estereótipos, coincidentemente, parecem rondar o teatro nacional.

Francisco Cuoco faz hoje papel similar, um veterano diminuído por um ator da nova geração, em "Uma Vida no Teatro". Em agosto, ainda, Andrea Beltrão chega com "Jacinta", peça sobre "a pior atriz do mundo".


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