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Mostra revê 90 anos de fotolivros latinos

Instituto Moreira Salles lança luz sobre o formato impresso que, no subcontinente, foi muito associado à literatura

Coordenada pelo historiador Horacio Fernández, pesquisa começou em 2007 durante fórum em SP

DAIGO OLIVA EDITOR-ADJUNTO DE FOTOGRAFIA

Chegou a São Paulo nesta semana em forma de exposição e livro o resultado de anos de pesquisa do historiador espanhol Horacio Fernández.

Em 2007, durante o Fórum Latino-Americano de Fotografia, em São Paulo, nasceu a ideia de reunir publicações fotográficas produzidas no continente. Aberta na última sexta, no Instituto Moreira Salles, "Fotolivros Latino-Americanos" exibe parte do trabalho coordenado por Fernández.

"Essas publicações passavam despercebidas porque se considerava que o importante era ter obras individuais, avulsas. Os fotolivros se parecem mais com o cinema. Nos filmes, há cenas maravilhosas que podem ser gravadas e se tornar um pôster, mas cinema é o filme todo", diz o também curador da mostra, em entrevista à Folha, por telefone.

Entre publicidade, livros políticos e volumes que documentam o crescimento das cidades, o espanhol encontrou na bibliografia fotográfica da América Latina uma forte ligação com a literatura, em particular com a poesia.

Célebres escritores latinos, como o argentino Julio Cortázar (1914-1984) e o chileno Pablo Neruda (1904-1973), fizeram uso de fotografias não apenas como apoio visual, mas também como personagens e parte essencial de algumas de suas obras.

No Brasil, o poeta paulistano Roberto Piva (1937-2010) e o artista plástico Wesley Duke Lee (1931-2010) produziram, em 1963, "Paranoia", "um livro que nos dá uma imagem do futuro de São Paulo, uma cidade que ainda não existia. Um lugar sensual, violento, noturno e agressivo em imagens poéticas e fascinantes", explica o curador.

ITINERANTE

A pesquisa trouxe à tona obras raras e histórias curiosas como as dos fotógrafos chileno Sergio Larraín (1931-2012) e do colombiano Fernell Franco (1942-2006).

Insatisfeitos com a qualidade de suas publicações à época dos respectivos lançamentos, os autores fizeram de tudo para destruir os exemplares que encontravam. A última cópia de "El Rectángulo en la Mano", de Larraín, que mais tarde se tornaria membro da prestigiosa agência de fotografia Magnum, foi vendida por US$ 25 mil (R$ 55 mil).

Antes de se tornar exposição, "Fotolivros Latino-Americanos" gerou um livro (256 págs., R$ 149) que a Cosac Naify editou em parceria com três casas estrangeiras.

Desde o ano passado, o projeto se tornou uma mostra, que já passou por Paris, Madri, Nova York e, recentemente, pelo Rio.

"O livro tem quase 160 títulos resenhados. Na mostra, reduzimos para 50. [A diminuição] foi necessária porque a exposição precisa se complementar com outras coisas, como vídeos. Amazônia', obra-prima de Claudia Andujar [e George Love], possui uma sala onde o livro inteiro é projetado", descreve Fernández.

MERCADO

A despeito da enxurrada de obras fotográficas que circulam digitalmente, é bastante perceptível um movimento de valorização do livro como a principal ferramenta de expressão do fotógrafo na contemporaneidade.

"Os fotolivros parecem tentar desmentir essa visão, às vezes um pouco apocalíptica, de que chegará o dia em que não teremos mais livros em papel", analisa o historiador.

"No entanto, o conceito de fotolivro na internet também faz muito sentido. Sou um pouco antigo, gosto de papel, mas as duas formas podem coexistir."


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