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Peça 'Berro' discute sentido da existência

Grupo Tapa estreia amanhã texto mais experimental de Tennessee Williams, conhecido por seu teatro realista

Na montagem, irmãos são condenados a fazer um único espetáculo, e seus papeis são metáfora da vida

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Tennessee Williams, ignorado pelo Grupo Tapa durante mais de três décadas, tem se tornado, nos últimos anos, uma das mais constantes companhias deste tradicional grupo de teatro, célebre sobretudo por montar textos clássicos.

"Berro", que estreia amanhã, é a terceira peça do escritor norte-americano (1911-1983) encenada pelo coletivo, depois de "Alguns Blues do Tennessee" (2011) e "Longo Adeus" (2013). A trupe também traduziu uma coleção de quatro volumes com sua obra teatral, publicada recentemente.

"Tennessee Williams passou a me perseguir", brinca Eduardo Tolentino, diretor do Tapa. Segundo ele, "Berro" revela uma faceta obscura de Williams. "Ele é muito conhecido no Brasil por suas grandes peças realistas, mas tem obras inexploradas, nas quais experimentou muito", afirma.

O texto apresenta Feliz e Clara, irmãos condenados a representarem uma única peça, cujos personagens são um espelhamento deles próprios.

Para Tolentino, o Williams que surge em "Berro" situa-se entre Luigi Pirandello (1867-1936) e Samuel Beckett (1906-1989). O metateatro presente na obra a aproxima do primeiro. O tom absurdo, que leva o espectador a duvidar da existência dos protagonistas, remete à obra do segundo. "A peça vai ganhando dimensões e, no meio delas, a sensação de que os personagens não são reais, mas uma metáfora da vida: representações de como cada um arranja histórias para que sua existência faça sentido", diz.

Interpretados por Rubens Caribé e Mariana Muniz, os personagens/atores interrompem as apresentações para discutir sobre temas teatrais. Aparentemente, trata-se de uma peça sobre a arte do palco. O teatro, no entanto, é usado como pista falsa.

"Como em Pirandello, a questão central é o papel que o homem desempenha na vida; o quanto ele é ator de sua própria existência, repete padrões que carrega desde a infância e adia a solução final que seria a morte", diz o diretor.

Williams sugere, nesta peça, que só através da imaginação é possível suportar a vida. "A imaginação é um hábito. (...) Mágico é esse hábito da nossa existência", concluem os protagonistas de "Berro".


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