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Montagem debate velhice em tom de comédia

Espetáculo de Naum Alves de Souza retrata senilidade numa São Paulo em demolição

DE SÃO PAULO

Há alguns anos, o dramaturgo e diretor Naum Alves de Souza, 70, passou a pé por um ponto no centro de São Paulo onde estava habituado a cruzar uma praça.

Por conta de obras da prefeitura, o lugar havia desaparecido, atesta ele. "São Paulo está sempre em demolição", prossegue, referindo-se a uma sensação que percorre as páginas de nova peça, "Operação Trem-Bala", que entra em cartaz com sua direção amanhã no Instituto Cultural Capobianco.

O espetáculo é moldado a partir de um retrato da velhice, e a relação com São Paulo se estabelece principalmente na "sensação de delírio" de ver uma cidade sempre em transformação, prescindindo da preservação dos afetos moldados também na memória do espaço urbano.

O personagem central (Marco Antônio Pâmio) é um político já senil que, em sua loucura, quer inaugurar um projeto de trem-bala na cidade. Seus herdeiros aproveitam o pretexto para embarcá-lo em outra viagem, junto com sua mulher (Ana Andreatta), rumo a um asilo. "Embora triste", diz Naum, "a história é tratada em tom de comédia, com personagens grotescos".

FINITUDE

"Os 70 anos dão para a gente um peso diferente", diz Naum, referindo-se à idade que completou no ano passado, meses antes de ser internado em um hospital por complicações causadas por miastenia, uma doença neuromuscular que "tira suas forças, tira sua energia", como ele próprio descreve.

O período no hospital permitiu meditar sobre a condição "de finitude", diz, o que lhe deu elementos para escrever a peça. A opção por um protagonista poderoso (e rico) sustenta o atestado de que "velhice vem para todos."

Com "Operação Trem-Bala", Naum dá continuidade ainda a um tema comum em sua obra, o das relações familiares, já tratado, por exemplo, em "No Natal a Gente Vem te Buscar", de 1979, e "A Aurora da Minha Vida (1981).

Para plateia de 40 pessoas, com cadeiras de roda e andadores em cena, o espetáculo tem direção musical do compositor Lívio Tragtenberg.


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