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Piruetas de uma franquia

Com elenco da Broadway, 'Billy Elliot - o Musical' chega a São Paulo financiado pela Lei Rouanet

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

O sistema de franquia que espalhou musicais da Broadway mundo afora coloca mais um no mapa de São Paulo hoje: "Billy Elliot "" o Músical".

A adaptação para o palco do filme de Stephen Daldry estreia no Credicard Hall com elenco americano e um empurrãozinho da Lei Rouanet.

Produzido pela empresa de entretenimento T4F para curta temporada de duas semanas, o espetáculo captou R$ 3,8 milhões por renúncia fiscal. A previsão é de que a receita bruta (bilheteria, em especial) fique em R$ 5,76 milhões, detalha projeto inscrito no Ministério da Cultura. Na Broadway, o musical faturou US$ 183,5 milhões até o fim da temporada em 2012.

A história de sucesso de "Billy Elliot" começou com o longa de Daldry, que estreou em 2000, ganhou prêmios independentes e abocanhou três troféus no Oscar. O espetáculo, assinado pelo mesmo diretor e com músicas de Elton John, surfou nessa onda, estreou em 2005 em Londres, onde permanece em cartaz.

Em 2008, uma versão igual à original foi à Broadway e venceu, em 2009, dez Tony (maior prêmio de teatro). Críticos norte-americanos caíram de joelhos.

Depois, o espetáculo estreou em Chicago, Sidney, Melbourne, Toronto, Seul.

Até hoje, 71 meninos, entre loiros, orientais e negros foram "clonados" no mesmo papel, do garoto que descobre vocação para dançar e enfrenta o pai turrão e preconceituoso. Para evitar problemas com a legislação sobre trabalho infantil nos EUA ou na Inglaterra, cada ator que faz Billy Elliot só trabalha por 18 meses, o que explica o giro de nomes. Detalhe: os meninos também espicham de repente, viram adolescentes.

No Brasil, três dos quatro intérpretes que estiveram em cartaz na Broadway até o ano passado vão se revezar nas 21 apresentações previstas.

A pergunta a ser feita é: um musical estrangeiro com trajetória comercial já estabelecida e ingressos aqui com preços similares aos de Londres deveria ser incentivado com recurso público?

Na capital inglesa, os ingressos custam de 19,50 libras (R$ 68) a 68,50 libras (R$ 240). Em São Paulo, entre R$ 50 e R$ 280.

João Leiva, advogado especializado em políticas culturais, é contra a restrição de estrangeiros. "Se levarmos a questão para as artes plásticas, por exemplo, isso impediria uma exposição do [pintor] Juan Miró", argumenta.

Uma empresa comercial, no entanto, "deveria ter o seu projeto analisado do ponto de vista de geração de emprego e renda", diz Fábio Cesnik, advogado especializado em mídia e entretenimento. Mas "Billy Elliot", reitera, não é culpado se a lei permite esse tipo de incentivo.

Procurada, a empresa T4F não quis falar.

Ainda assim, os R$ 3,8 milhões destinados a "Billy" representam desequilíbrio.

Empresas que patrocinam espetáculos teatrais por meio de renúncia fiscal têm deixado outros gêneros fora do cardápio. Renata Sorrah e a Companhia Brasileira de Teatro não conseguiram fundos pela lei para nova temporada "Esta Criança". Em São Paulo, ninguém apostou em "Vermelho", com Antônio Fagundes, inscrito na lei. Já a mesma T4F captou R$ 11 milhões para "O Rei Leão".

Kleber Rocha, da secretaria de fomento do Ministério da Cultura, afirma: "Na medida em que estrangeiros participam da pauta com plateia brasileira, trabalhamos na agregação de um valor". Ele diz achar importante, porém, que profissionais brasileiros participem.


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