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Crítica - Ensaio

Psicólogo identifica estruturas religiosas escondidas no pensamento freudiano

LUIZ FELIPE PONDÉ ESPECIAL PARA A FOLHA

Seria possível identificar alguma religiosidade em Freud? A resposta mais óbvia é não. Mas o psicólogo José Calderoni pensa diferente. E vale a pena ler o que ele diz em seu livro "Descobrindo o Impensado: a Religiosidade do Ateu Freud (e de Cada Um?!)", da Escuta.

Apesar do título ser pouco claro, o livro em si é bem escrito, com aquele tom comum em bons autores terapeutas preocupados com a clínica: uma escrita solta, nada presunçosa, mas consistente.

A ideia de Calderoni parte da afirmação do filósofo Walter Rehfeld: existem estruturas de consciência religiosa na filosofia mesmo em autores claramente não religiosos ou ateus, como Freud. Daí, ele segue para a obra freudiana a fim de nela identificar indícios dessas estruturas.

Calderoni não se limita a essa identificação, mas também critica um certo culto à ciência em Freud, o que, na opinião do autor, torna ainda mais difícil percebermos que há religiosidade nele, apesar de ser um entendimento extremamente particular de religiosidade.

E quais seriam essas estruturas? Perdição, redenção e terceira realidade. Segundo Rehfeld e Calderoni, a vida é tomada por estas estruturas porque sempre estamos de alguma forma aquém do que nos é cobrado para viver.

Qual seria a perdição? Sofremos, nos perdemos de nós, cindindo o mundo entre "sujeito e objeto", criamos demandas sobre-humanas, nos isolamos (em Freud, isso se deve a uma má "interpretação" da sexualidade pela criança).

A redenção seria a busca de superar isso tudo via reflexão e projetos de vida (em Freud, fazendo análise) visando chegarmos a uma vida mais integrada, menos inautêntica e que dê sentido ao cotidiano (esta seria a terceira realidade), enfim, uma vida "curada".

Rehfeld acha que as religiões são formas históricas e dogmáticas dessa busca. Calderoni, que a terapia pode nos dar formas mais democráticas e menos dogmáticas dessa busca.


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