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Falso tom confessional influenciou gerações

DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Ana Cristina Cesar era "a mulher mais discreta do mundo: esta que não tem nenhum segredo". Assim ela se definia, mas estudiosos não demoraram a perceber que a poeta era muito menos confessional do que dizia ser.

Quem logo atentou para isso foi Maria Lucia de Barros Camargo, na tese de doutorado "Atrás dos Olhos Pardos: uma Leitura da Poesia de Ana Cristina Cesar", defendida em 1990 na USP e publicada em 2003 pela editora Argos.

Na leitura dela, e também na da crítica literária Flora Süssekind, Ana C. se apropriava de versos alheios, de gente como Manuel Bandeira e Mário de Andrade, para fazer uma colagem que soava extremamente pessoal.

Esse estilo inspirou mais de uma geração de poetas. Um dos nomes mais reconhecidos no gênero hoje, a gaúcha Angélica Freitas, 40, credita à leitura de Ana C. seu interesse por escrever poesia.

"Eu a li aos 15 anos. Até então, tinha escrito uns versinhos. Os poemas me causaram grande estranhamento. Muita coisa ali era um mistério. Mas um mistério que mostrou que poesia também pode ser investigação", ela diz.

Era diferente de tudo o que Angélica tinha lido até então, segundo ela argumenta.

Não só ela sentiu esse impacto. "A influência da Ana para mim é total. Se puder escolher uma pessoa que me fez escrever poesia, foi ela", diz a carioca Alice Sant'Anna, 25. "O que me atraiu foi ser muito coloquial o tempo todo e fazer o tempo todo esse jogo da falsa intimidade. Não há nenhum segredo, na verdade: ela está no domínio total do que conta", argumenta.

A definição de Ana C.como "poeta marginal" é algo sempre visto com ressalvas --ela é um dos nomes destacados na exposição "Poesia Marginal: Palavra e Livro", em cartaz no IMS do Rio.

"É difícil encontrar um poeta que marque todos os xis' para entrar na categoria marginal, mas ela também não se desvinculou totalmente. Talvez a riqueza da geração seja a heterogeneidade", diz Alice.


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