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Mia Couto lança livro e participa de sabatina em SP

Autor moçambicano, vencedor do prestigioso Prêmio Camões, encontra leitores em evento no próximo sábado

'Cada Homem É uma Raça', com 11 contos, foi escrito em 1990, durante guerra civil em Moçambique

DE SÃO PAULO

"Cada Homem É uma Raça" (Companhia das Letras), mais recente livro de Mia Couto a sair no Brasil, foi escrito e publicado numa Moçambique diferente daquela em que o autor de 58 anos vive hoje.

Na ocasião, 1990, o território africano era independente de Portugal havia apenas 15 anos e enfrentava um sangrento conflito civil que ainda perduraria por dois anos.

Esse contexto não interfere na atualidade dos 11 contos que compõem a obra, na qual Mia aborda questões políticas com sua característica escrita poética, buscando a universalidade dos comportamentos que as originam.

"Se regresso a textos meus e vejo que ficaram datados, seja pela política, seja por outro aspecto, é porque não valem a pena. É preciso resistir ao tempo", diz o escritor.

Um dos destaques da 16ª Bienal do Livro do Rio, que começa no final deste mês, o moçambicano falará com leitores paulistanos no próximo sábado, dia 24, às 18h, no teatro Geo, em Pinheiros.

O ficionista, agraciado neste ano com o prestigioso Prêmio Camões, voltado a autores de língua portuguesa, será sabatinado por Eliane Brum, colunista da "Época", e Raquel Cozer, da Folha.

O evento é parceria da Folha com o Fronteiras do Pensamento, a Companhia das Letras e a Livraria da Vila, e dará ao leitor chance de conhecer mais de perto o autor de obras celebradas como "Terra Sonâmbula" (2007).

CICATRIZES

O tema da guerra civil moçambicana (1976-1992) é uma constante na obra de Mia Couto. Passadas duas décadas de seu final, o autor faz a avaliação de que não é possível superá-la por completo.

"A realidade hoje em Moçambique é profundamente distinta, mas quem viveu uma guerra daquelas tem áreas interiores que nunca mais estarão em paz. A maneira como somos consumidos pela ausência de esperança, pelo receio de um cerco que, mais do que as cidades, cercava nossas almas...", diz.

"Cada Homem É uma Raça" traz ainda a profundidade e o bom humor das mulheres que marcam a narrativa de Mia, em contos como "Rosalinda, a Nenhuma", em que a mulher traída troca a inscrição do túmulo do homem que amou para que sua rival chore sobre o morto errado.

"O escritor é um escutador, e o mundo me foi dito por mulheres. Aprendi com as mulheres a converter o sentimento em palavras", diz.


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