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Crítica - Teatro

'Cantata' junta revolucionários de Lorca e vítimas da ditadura

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O espetáculo começa fora do teatro. O escritor espanhol Federico García Lorca (Rodrigo Mercadante) está deitado, morto pela guarda franquista. O elenco (Dinho Flor, Fabiana Barbos, Karen Menatti, Thais Pimpão, Maurício Damasceno, Lilian de Lima, Aloisio de Oliveira, Jonathan Silva) entra e o ressuscita.

Tocando música, leva o público à sala para apresentar a peça "Mariana Pineda", de Lorca, como cantata. Enquanto a plateia bebe vinho, o palco é arrumado e troca-se o figurino (Silvana Marcondes).

Mas em "Cantata para um Bastidor de Utopias" não é apresentada apenas a obra do escritor, que trata de uma corajosa mulher do século 19.

Namorada de um republicano revolucionário e presa porque bordou uma bandeira, ela é fuzilada por não entregar o amante e seus companheiros. Há intermezzos que tecem relações com outros momentos, com destaque para os desaparecidos do regime militar.

A encenação da cantata é por si só excelente. O elenco canta e toca instrumentos com profissionalismo. Mas os intermezzos são o verdadeiro coração da montagem. Estabelecem diálogos poéticos e políticos com a São Paulo de hoje e com a ditadura através de uma mulher disfarçada. Ela altera os nomes das ruas, penduradas numa instalação que é destruída.

A inspiração e competência com que são trabalhadas as diferentes disciplinas performáticas são extraordinárias. A música original (Silva) serve perfeitamente o texto, que ganha em densidade. O cenário (Rogério Tarifa) é belíssimo, sobretudo as instalações que homenageiam os desaparecidos no último ato, fora da sala. Respira-se o potencial utópico e revolucionário do teatro em cada momento deste espetáculo emocionante e a não perder.


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