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3D para quê?

Primeiro filme do Brasil gravado para projeções tridimensionais traz ao país as dúvidas sobre a relevância do formato

CESAR SOTO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A produção de filmes em 3D chega ao Brasil, mas já pode estar atrasada. A comédia "Se Puder... Dirija!", de Paulo Fontenelle, primeiro longa com atores gravado aqui inteiramente nesse formato, estreia hoje com a missão de impulsionar o mercado brasileiro.

Enquanto isso, os EUA (maior mercado do mundo) já discutem uma possível "bolha do 3D". Lá, o número de filmes com essas versões aumentou, mas o faturamento das cópias caiu.

A animação "Meu Malvado Favorito 2", filme mais assistido durante seu fim de semana de estreia (3 de julho), deve ao 3D apenas 27% de sua arrecadação no período, um recorde negativo nos EUA.

Em 2009, "Avatar", de James Cameron, conseguiu 71% da sua bilheteria de quase R$ 180 milhões por meio das exibições em 3D em sua estreia no mercado americano

A tecnologia ganhou força ao impulsionar a sensação de "mergulho" no filme e, mais do que isso, serviu como arma de combate à pirataria.

Mas o próprio James Cameron, um dos pioneiros e maiores entusiastas do formato, disse, no início do mês, num fórum de tecnologia no México, que Hollywood não está usando o formato adequadamente.

Para ele, a indústria está errada por produzir automaticamente, a toque de caixa.

O sucesso de "Avatar" levou a uma corrida de estúdios por lançamentos em 3D. Segundo a MPAA (associação americana de produtores de cinema), houve um aumento de 170% em produções com versões 3D entre 2010 e 2011. A arrecadação no período, no entanto, caiu em 20%.

NOVIDADE

O crescente interesse do mercado internacional pelo formato ajuda a manter a produção de filmes do gênero. No Brasil, "Wolverine: Imortal" deve 67% de sua renda a projeções 3D em seu fim de semana de estreia, em julho.

Para Adhemar de Oliveira, diretor de programação dos circuitos de cinemas Cinespaço e Itaú, o modelo perdeu o caráter de novidade que atraía o público. "Chegou a um ponto em que vai depender muito da qualidade dos filmes."

Já Marcelo Bertini, presidente da rede Cinemark (cerca de 500 salas no país), diz que o público tende a preferir versões 3D, mas agora já sabe avaliar o que vale a pena ser visto neste formato. Mesmo porque os ingressos são mais caros que as exibições em 2D.

Walkíria Barbosa, produtora de "Se Puder... Dirija!", foi quem teve a ideia de gravar o filme em três dimensões. Ela se irrita quando ouve sobre uma possível bolha do 3D. "O que existe é uma crise no cinema em geral, um esgotamento de ideias."

O diretor de fotografia e estereógrafo (responsável pelo posicionamento das câmeras que captam o 3D) do filme, Pedro Guimarães, concorda com James Cameron e defende um uso moderado da tecnologia.

"Quando não se joga muitas coisas na tela, você corre o risco de ouvir do público: Ah, mas não foi o suficiente'. Prefiro ouvir isso do que exagerar e saber que alguém saiu do filme com dor de cabeça."


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