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O teatro e seu umbigo

Seis peças em cartaz em SP têm como tema o universo próprio dos palcos

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há um palco sobre o palco onde Cassio Scapin interpreta a atriz Myrian Muniz (1931-2004). O ator encarna esta artista que se confunde com a história do teatro brasileiro.

O teatro está dentro do teatro no solo em questão, "Eu Não Dava Praquilo", e também está presente em seis outros espetáculos metateatrais em cartaz em São Paulo.

Na montagem "Azul Esplendor", Eva Wilma se funde com sua personagem, uma diva que rememora dias de glória nos palcos.

Em "Jacinta", Shakespeare chega para revolucionar a vida da pior atriz do mundo (interpretada por Andrea Beltrão), ensinando-a sobre sua arte por meio de um diálogo extraído de "Hamlet".

Em "O Livro da Grande Desordem e da Infinita Coerência", por exemplo, Strindberg (1849-1912), sueco considerado o pai do teatro moderno, surge em cena revelando elementos de sua vida e obra.

A assiduidade com que o teatro tem se debruçado sobre o próprio umbigo indica uma necessidade dos artistas refletirem sobre seu ofício.

"Talvez estejamos passando por um período de mudanças no perfil do público e do teatro. A metalinguagem lida bem com esses momentos de transição, nos faz compartilhar com o público nossas dúvidas sobre os rumos a seguir", supõem Elcio Nogueira Seixas e Renato Borghi, diretores de "Azul Esplendor".

Alexandre Reinecke, encenador responsável por três espetáculos metalinguísticos, acredita que essa linguagem possa ser proveitosa para artistas, mas vê o perigo de o teatro tornar-se uma arte excessivamente voltada para si, contribuindo para o afastamento do público das salas.

Além de "Uma Vida no Teatro", peça de Dave Mamet que viaja pelo interior de São Paulo e estreia no Rio no final do ano, Reinecke montou em 2013 a comédia francesa sobre bastidores de teatro "Chá com Limão", a qual esteve em cartaz até o início deste ano.

E prepara para o próximo ano, com o grupo Parlapatões, "La Bete", metateatro francês rimado do século 16.

Elias Andreato, diretor de "Eu Não Dava Praquilo", entre outras obras que investigam o teatro, vê a prática da metalinguagem como benéfica tanto para artistas quanto para espectadores, pois tal linguagem incita a reflexão. "Eu Não Dava Praquilo" exalta sua crença: "Quanta gente que se percebe depois que se vê no teatro", fala Scapin em cena, reproduzindo palavras de Myrian Muniz.


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