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Ator Marcos Caruso dirige peça educativa sobre drogas
Segunda parte de trilogia sobre o tema, espetáculo 'Agora' tem personagens expostos a tratamentos contra vício
É por um motivo muito simples que a peça "Agora" tem total despojamento de cenografia. "Pensamos em um trabalho que desse para ser montado até dentro de casa", diz o ator Marcos Caruso, que dirige texto escrito por José Scavazini. A peça fala sobre drogas a partir de um ponto de vista educativo.
Embora Caruso reitere que não se trata de uma visão maniqueísta sobre o tema, o texto tem como foco os danos provocados pelo consumo de drogas. "Não, não apontamos nenhum benefício", afirma o ator à Folha. "Mas o que a gente pretende mostrar é um alerta, não é um não'."
O espetáculo "Agora" também dá prosseguimento a um projeto de trilogia sobre o uso de entorpecentes.
O primeiro trabalho, "Ainda", foi apresentado por mais de seis anos dentro de empresas, corporações como a Polícia Militar, em instituições médicas e órgãos da Prefeitura de São Paulo que fazem combate ao uso de drogas.
Em um próximo espetáculo, diz Caruso, a trilogia vai abordar a vida de usuários após o tratamento.
Na peça, que estreia no Teatro Augusta, próximo ao burburinho de baladas na região central, quatro personagens internados em uma clínica de recuperação expõem conflitos íntimos sobre seus respectivos tratamentos contra os vícios em maconha, álcool, crack e cocaína.
Há depoimentos comoventes, como o de um executivo que, em uma noite de Natal, bebe e cheira "tanto pó" que acaba trancado em um banheiro, tendo convulsões, até ser resgatado por um sócio.
Outro personagem, em tom mais cômico, tem raciocínio de malaco intelectual: "Tem muito doido normal nesse mundo, cara. To be or not to be?' Esse era muito doido, esse Shakespeare, deve ter cheirado muito, não sei de onde o cara tirava tanta ideia! Muito criativo esse doido!"