Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

'Nos vendemos há muito tempo', diz o diretor Joel Coen

Ele e o irmão mais novo, Ethan, conversam com a Folha sobre comédia, sorte na carreira e integridade artística

Irmãos cineastas apresentaram novo filme em Cannes, que deve estrear no Brasil em fevereiro de 2014

RODRIGO SALEM DO ENVIADO ESPECIAL

É fácil entender como os irmãos Coen funcionam. Ethan Coen, 55, é o falastrão da dupla, repleto de brincadeiras auto-destrutivas. Joel, 58, é mais sério, porém, marca seus comentários com tiradas venenosas. A Folha conversou com os dois em Cannes, quando apresentaram "Inside Llewyn Davis", vencedor do Gran Prix, segundo prêmio mais importante do festival.

-

Folha - "Inside Llewyn Davis" foi vendido como um filme sobre a cena musical nova-iorquina dos anos 1960, mas ele é uma comédia sobre fracasso.

Ethan Coen - Não era nossa intenção, nem sei se o termo comédia é apropriado. Em nossos filmes, você tem permissão para rir nas piadas, mas são comédias?

Mas gostam de comédia?

Ethan - Eu não vou tanto ao cinema como eu costumava, mas sim. Quem não?

Joel - Quais comédias me fariam ir ao cinema hoje? A conclusão épica da trilogia "Se Beber, Não Case"? (risos)

Llewyn Davis luta para manter a integridade como músico. Vocês se sentem da mesma forma como cineastas?

Ethan - Sim, somos um pouco como malabaristas tentando equilibrar sucesso e integridade artística, mas tomando cuidado para não sermos hipócritas. Queremos ser vistos e ter nossos filmes bem distribuídos. Mas como isso nos faz sentir? O quanto queremos de sucesso? É mais fácil para a gente em comparação ao [personagem] Llewyn porque...

Joel -...Nos vendemos muito tempo atrás! (risos)

É complicado fazer filmes sem super-heróis em Hollywood?

Joel - Sei lá, temos sorte de ter ocupado um pequeno nicho protegido e isso, de certa forma, nos deixa livres para fingir que essas tentações não existem. Sabemos que esse tipo de produção está aí, mas conseguimos ignorar.

As músicas são integradas como em "E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?". Vocês escrevem para depois escolher as canções?

Ethan - Quando ouvimos uma música, tentamos encaixá-la. Normalmente, o texto sai sem as músicas específicas. Neste caso, escrevemos e mandamos para T-Bone Burnett [produtor musical do filme] pensar no repertório.

Joel - A discussão foi mais sobre como essas músicas se encaixam emocionalmente no filme e menos sobre o que elas tratariam nas letras, porque a música carrega o sentimento do filme.

Ethan - Exato. Se você ler apenas o roteiro, verá que é ruim. (risos)

O filme é sobre timing. Vocês acham que apareceram na hora certa?

Joel - Acho que tivemos sorte na carreira. Algumas vezes, nossos filmes foram lançados na hora certa, quando tudo conspirava a nosso favor. Hoje, podemos fazer o que quisermos sem a intervenção de um executivo.

Steven Soderbergh se aposentou dizendo que está cada vez mais difícil de financiar os filmes...

Joel - Ele filma mais do que qualquer cineasta na Terra (risos). Acho uma declaração estranha. Sim, está mais difícil arranjar dinheiro, mas não é razão para aposentadoria.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página