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Morre, aos 72, o filósofo marxista Marshall Berman

Autor de 'Tudo que É Sólido Desmancha no Ar', de 1982, teve ataque cardíaco

Crítico da arquitetura de Brasília, estudioso da modernidade chamou Oscar Niemeyer de 'déspota'

JULIANA GRAGNANI DE SÃO PAULO

O autor, educador e filósofo americano Marshall Berman, 72, morreu na última quarta-feira em Nova York, sua cidade de origem, nos EUA. Tomava café da manhã em um restaurante quando sofreu um ataque cardíaco.

Autor de escritos humanistas sobre economia, arte e cultura influenciados pelas ideias de Karl Marx (1818-1883), Berman ficou conhecido por "Tudo que É Sólido Desmancha no Ar" (1982), lançado pela Companhia das Letras em 1986. O título da obra, que conta a história crítica da modernidade, foi tirado do Manifesto Comunista.

O filósofo marxista era um estudioso da modernidade, definida por ele como um confronto e uma tentativa de superação das "organizações burocráticas que têm o poder para controlar e, frequentemente, destruir as comunidades, os valores e as vidas".

Berman contribuiu para publicações como "New York Times" e "Nation" e pertencia ao conselho editorial da revista "Dissent". Deu aulas de política e urbanismo na City University of New York.

"Era um homem triste, mas de grande energia", diz Luiz Schwarcz, editor da Companhia das Letras. "Não teve o reconhecimento que merecia, e talvez o maior sucesso que conheceu foi no Brasil, onde abriu as portas para um ensaísmo erudito, livre e extremamente literário."

No Brasil, envolveu-se em polêmica ao criticar Brasília, considerada por ele um mau exemplo da modernidade, e o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), a quem chamou de déspota. "Brasília é construída de modo a evitar que as pessoas se encontrem", disse à Folha, em 2009. "Niemeyer não queria funis para onde todos confluíssem. É importante ver o que isso tem de antidemocrático."

Para Berman, a solidão e automatização eram problemas crônicos da modernidade. Questionado pela Folha sobre se a solidão era sua inimiga, respondeu: "Não sei. Talvez o concreto seja meu pior inimigo."

Berman deixa a mulher, Shellie, e dois filhos.


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