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Amarante lança o disco do 'eu sozinho'

Ex-Los Hermanos traz a São Paulo 'Cavalo', álbum no qual assina todas as canções e toca quase todos os instrumentos

Músico se apresenta no Sesc Pompeia de hoje a sábado e diz que não vai mostrar composições de suas outras bandas

MARCO AURÉLIO CANÔNICO DO RIO

Quem olha para a carreira de Rodrigo Amarante, 37, enxerga uma pessoa gregária, que sempre trabalhou em grupos e parcerias, desde o Los Hermanos até o Little Joy, passando pela Orquestra Imperial e, mais recentemente, pela banda do americano Devendra Banhart.

Em que momento, então, veio a opção pela individualidade de um disco solo, o recém-lançado "Cavalo", no qual fez todas as canções e tocou quase todos os instrumentos?

"Segui a sugestão do acaso", diz Amarante, entre um cafezinho e um cigarro pós-almoço, num restaurante em Botafogo, zona sul do Rio, em frente ao estúdio onde estava ensaiando para a turnê que começa hoje, no Sesc Pompeia, em São Paulo.

"Comecei a fazer o disco em 2011. A gente estava para fazer o segundo do Little Joy, mas não deu tempo, o Fabrizio [Moretti] tinha de voltar para o Strokes [onde é baterista], e eu pensei em fazer um disco sozinho."

Ele foi fundo na proposta, começando com a construção do estúdio ("Soldei todos os cabos, construí os painéis acústicos", conta) e chegando à gravação num esquema "aperta o REC e corre para tocar". Mas havia também o interesse por "descobrir qual seria a minha música sozinho".

ISOLAMENTO

Àquela altura, Amarante já estava há dois anos em Los Angeles, onde reside até hoje. O isolamento que a condição de ser estrangeiro traz o ajudou a se encontrar.

"Quando você se muda para outro país, se dá conta de quanta coisa carrega e começa a pensar para que serve aquilo", diz. Vem daí um certo tom saudoso e melancólico que se nota em boa parte das composições.

"Mas não é uma coisa estou aqui pintando minha tristeza para você poder ficar triste comigo'. É o oposto, estou encantado com o processo de tentar me conhecer."

Lançado inicialmente em formato digital, no iTunes --o disco físico estará à venda, em CD e LP, no próximo mês-- "Cavalo" é, segundo seu criador, uma obra dinâmica, que "cresce e se retrai" ao longo de suas 11 faixas, quatro delas em inglês e uma em francês.

"Dentro do processo, vi que estava preferindo músicas mais vazias, tanto no sentido do arranjo quanto no da escrita, que era algo que já vinha fazendo, tentando me abster de adjetivos, deixar um espaço, não ser definitivo."

Esse mesmo raciocínio minimalista acabou aplicado à capa do disco, que acabou virando uma não capa. "Não existe uma direção, por mais sutil que seja, para você chegar no disco. É puramente informativo, é um encarte, como se a capa tivesse se perdido. Você tem que ouvir."

Amarante diz ter "ouvido muito" por conta dessa decisão pouco ortodoxa. Não foi sua única idiossincrasia: ele também não quis que a Folha fizesse fotos suas, preferindo enviar imagens produzidas por um fotógrafo para a divulgação do disco.

Em outra escolha que deve gerar comentários, ele não incluirá nenhuma música de suas outras bandas nos shows da turnê, que já tem os ingressos esgotados em São Paulo.

Sua cabeça, agora, afirma Amarante, está voltada ao próximo disco, que pretende criar a partir de regras que ele mesmo irá se impor.


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