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Festival do Rio começa com cara de Oscar

Premiado em Cannes, 'Nebraska', de Alexander Payne, é um dos favoritos à estatueta da Academia em 2014

Cineasta vencedor por 'Sideways' e 'Os Descendentes' diz que seu longa deveria se chamar 'Vidas Secas 2'

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A CANNES

O Festival de Cinema do Rio começa hoje no papel de maior termômetro para o Oscar realizado no Brasil.

Entre os mais de 300 longas, há favoritos em atuação (Sandra Bullock em "Gravidade", Forest Whitaker em "O Mordomo da Casa Branca"), representantes de filmes estrangeiros ("Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro-Velho", do bósnio Danis Tanovic) e até nomes certos para a lista de melhor filme.

Caso de "Nebraska", de Alexander Payne, que não deixa de ir à festa da Academia desde 2000, quando foi indicado por "Eleição". Depois disso, todos os longas do americano passaram pelo tapete vermelho do Oscar --com o diretor e roteirista premiado em duas ocasiões pelos roteiros adaptados de "Sideways", em 2005, e "Os Descendentes", ano passado.

Apostar em "Nebraska" é barbada. Aplaudidíssimo em Cannes, o filme rendeu ao veterano Bruce Dern o prêmio de melhor ator do festival.

Apesar do currículo do drama sobre um idoso (Dern) que pede ajuda do filho (Will Forte) para recolher uma quantia em dinheiro em outro Estado, Payne não é um homem obcecado por prêmios.

"Acho que todos os diretores deveriam dar as mãos e gritar: Sem prêmios!'", brinca o cineasta em entrevista à Folha. "Só quero fazer parte de um bom ano no cinema."

Não é papo de diretor gente boa. Payne é realmente um dos cineastas mais acessíveis do "show business". Quando foi jurado em Cannes, era o único membro visto em diversas sessões como mero espectador. Faz questão de perguntar quais são os longas preferidos de seus entrevistadores e sempre tem uma história boa para contar.

"Você mora em São Paulo? Meu professor na universidade foi [o pensador americano] Richard Morse (1922-2001), que escreveu De Comunidade a Metrópole: Uma Biografia de São Paulo', diz Payne, que se formou em história com ênfase na América Latina, tendo escrito uma tese sobre a cidade de Medellín, onde morou por um ano.

"Era para ficar apenas três meses, mas me apaixonei por uma colombiana", conta.

Ele pode conversar facilmente sobre cinema brasileiro. "De qual período?", diverte-se. "Eu vi muitos filmes de Glauber [Rocha], depois gosto do [Hector] Babenco dos anos 1980. Sou amigo de Walter [Salles]. Adorei Cinema, Aspirinas e Urubus'. Eu ajudei também no roteiro de Cidade de Deus'. Fiquei um tempo trabalhando com Bráulio Mantovani e eles foram gentis em colocar meu nome nos agradecimentos."

"Nebraska", acredita Payne, deveria até mudar o título para ser lançado no Brasil, em janeiro. "Eu pensei em um título interessante: Vidas Secas 2: Nebraska'", surpreende, em português, ao lembrar-se do clássico de Nelson Pereira dos Santos, de 1963. "Estamos falando de um road movie em preto e branco em uma região rural pouco conhecida da maioria da população. Aposto que é um bom título."


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