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Espetáculo de butô explora laços entre homem e natureza

Em cartaz em São Paulo, grupo japonês usa a areia que se acumula no palco para representar a passagem do tempo

Em sua oitava passagem pelo Brasil, Sankai Juku apresenta coreografia criada em 2012 para Bienal de Dança de Lyon

LUCIANA PAREJA NORBIATO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Areia é elemento crucial em "Umusuna", coreografia que a Sankai Juku, uma das mais importantes companhias de dança japonesas, encena neste fim de semana no Teatro Alfa (SP) e em 2 e 3 de outubro na Cidade das Artes (RJ).

Ela cai do alto durante boa parte do espetáculo, criado em 2012 para a Bienal de Dança de Lyon (França). "Pode-se pensar nela como o tempo passando, e o público vê a areia (o tempo) se acumulando no palco", diz Ushio Amagatsu, 64, fundador do grupo e também coreógrafo, diretor artístico e principal bailarino.

Apesar da formação em dança tradicional japonesa e contemporânea, foi no butô que Amagatsu achou a forma para expressar a relação entre o humano e a natureza (Sankai Juku significa "a oficina da montanha e do mar").

"De certa maneira, o butô pode ser entendido como uma filosofia, mas é principalmente um diálogo entre o corpo e a gravidade", diz. Isso salta aos olhos no gestual e no físico dos integrantes, sem tanta definição muscular quanto os bailarinos contemporâneos.

No butô, os movimentos são fluidos e menos marcados do que na dança ocidental. Buscam a memória física do dançarino e não uma gama definida de posturas. Com a alternância de velocidade nos passos e nos braços, os corpos parecem flutuar.

Também contribui para o efeito arrebatador a maquiagem esbranquiçada que cobre os bailarinos dos pés à cabeça, além de figurino e cenário minimalistas, pontuados por cores que se alternam ao longo dos quadros.

Em sua oitava passagem pelo Brasil, Amagatsu conserva a expectativa da primeira vez, quando "o público ficou muito impressionado". Cada uma das coreografias que cria de dois em dois anos é "um organismo único dentro da trajetória do grupo".

"Umusuna" traz a ideia de que o local de nascimento de cada um pode ser qualquer lugar no mundo, se considerado em sua relação com a natureza. A sutileza cênica da Sankai Juku torna tal premissa uma verdade palpável. Ou melhor, visível.


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