Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Amarante mostra inspiração em Caetano
Músico faz hoje último dos três shows em SP após lançar 'Cavalo'; estrangeirismos e verborragia remetem ao baiano
Com canções lentas e pesadas, ex-integrante do Los Hermanos testa se é capaz de conquistar uma nova plateia
Na estreia da turnê de "Cavalo", seu primeiro disco solo, Rodrigo Amarante escolheu "Irene", sua competente homenagem a Caetano Veloso, para começar o show anteontem na choperia do Sesc Pompeia, em São Paulo.
"Saudade, eu te matei de fome", começa a letra que se encerra com citação "Irene ri", da Irene de Caetano.
Amarante já declarou que o cantor baiano está no imaginário de seu disco. E que a quase enrolada carta que escreveu como "apresentação" de "Cavalo" --em que reivindica uma identidade migrante, fala sobre desterro, sobre saudade e sobre criação-- começou como uma carta a Caetano Veloso.
O exílio (o mais cool dos exílios, voluntário, e ao lado do mainstream do Strokes ou do hipsterismo de Devendra Banhart, seus parceiros nos EUA), a abertura ao estrangeiro como cultura e linguagem, a aposta de risco na mudança de estilos no show, a verborragia pronunciada, o egocentrismo às claras. Tudo mostra tributo a Caetano.
No show, ele parece querer se por à prova, ver se ainda é capaz de conquistar uma plateia a quente, com músicas lentas, de pesado violão, solos de piano, e não a alegria fácil de seus trabalhos na "Orquestra Imperial",no "Little Joy", ou no "Los Hermanos".
A primeira metade da apresentação, de pouco mais de uma hora, Amarante atravessa quase tímido, "bobo", ele disse. Ouvimos "Nada em Vão", "Cometa","Mom Non", "I'm Ready" e "Hourglass", a mais roqueira do disco.
Depois, vem a fase animada, com "Augusta", de Tom Zé (único cover), e o balanço de "Maná", lançada como uma espécie de single no semestre passado.