Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Em musicais, ficar 'loucão' é assunto sério

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

A gente sabe que nenhum deles foi santo. E que cocaína, maconha, LSD, álcool são substâncias que abasteceram de histórias a biografia de um ou outro ídolo da MPB.

Com a enxurrada de musicais recuperando a vida e a obra de tanta gente talentosa, a questão vem agora à tona: falar abertamente ou não sobre o assunto, em obras de veia comercial e para públicos tão abrangentes?

Nelson Motta escreveu o roteiro de "Tim Maia - Vale Tudo", sobre o autor de "Chocolate". E, mais recentemente, criou o texto de "Elis, A Musical", que vai estrear em novembro no Rio. Para cada caso, o autor optou por um tratamento diferente.

Em cena, o personagem de Tim Maia fuma maconha e conta suas aventuras regadas pela erva numa boa.

Elis Regina, por sua vez, não vai aspirar nenhuma carreira de cocaína sobre o palco, diz Motta, embora sua morte tenha sido provocada por ingestão de drogas e álcool, como ficou publicamente sabido. O motivo foi comprovado por laudo médico.

Segundo Motta, a opção de omitir a informação se justificou apenas "por uma questão poética". Mas não se trata de uma omissão completa, disse o escritor à Folha. "Faço sugestões. Quem conhece a história vai identificá-las, de uma ou outra forma, no espetáculo", ele explica.

Para João Fonseca, que dirigiu Tim Maia e nos últimos meses dedicou-se à encenação de "Cazuza", musicais hoje podem falar abertamente sobre qualquer coisa, sem pudor. "Não é um gênero que deva ser atrelado a uma visão mais ingênua", diz. "Faz tempo que musicais não têm essa cara; hoje eles falam sobre esquizofrenia, homossexualidade, drogas, depressão."

"Cazuza", com texto assinado por Aloísio de Abreu, não deixa um tema-tabu em aberto. Antes de ficar doente, o cantor passa quase todo o primeiro ato "loucão" --palavra da própria peça.

As rubricas, aliás, são hilárias. Exemplo: "Ney observa Cazuza. Cazuza saca (...) Rola um baseado, clima Odara."

"Clima Odara", convenhamos, vai fundo na pesquisa.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página