Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Drama

Montagem de textos de Brecht serve de metáfora ao Brasil contemporâneo

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando o dramaturgo Bertold Brecht trocou a Dinamarca pela Suécia em seu exílio, escreveu duas peças.

"Dansen" e "Quanto Custa o Ferro?" usam personagens alegóricas desses países para falar da impossibilidade de manter-se imparcial na Segunda Guerra Mundial.

A montagem "Quanto Custa?", do diretor Pedro Granato intercala os dois textos e cria uma leitura mais densa.

Por meio do antagonista --o cliente, personagem que é alusão a Hitler--, a montagem se mostra importante no Brasil contemporâneo, como uma parábola dos abusos da classe dominante e da omissão da classe média.

O contrato firmado entre o cliente e o açougue na peça é uma analogia do contrato social brasileiro, que mantém boa parte da população em desvantagem.

Feito para garantir a paz, o trato é usado para apossar-se dos bens dos outros e é facilmente quebrado, como ocorre quando são mortos os personagens do tabaqueiro e da jornaleira.

Mas o espetáculo não chega a modernizar de fato a proposta brechtiana. Cenografia e o figurino apontam para um tempo histórico indefinido, lembrando vagamente o contexto da guerra.

O enfoque está na alegoria e no ótimo trabalho dos atores. Luís Mármore é um açougue corpulento mas medroso. Ele também interpreta o prudente Senhor Brit, que procura aliados contra o cliente.

O ator Pedro Felício mostra o quanto pode ser ardiloso e aterrorizante. Ernani Sanchez exagera levemente no papel do ferreiro Svenson.

Embora não deixe dúvidas sobre sua relevância atual, a montagem poderia ter sido mais clara na definição do momento histórico e arriscado mais nas referências à sociedade brasileira de hoje.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página