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'Adoro criticar os outros', diz Terry Gilliam

O diretor procura o sentido da vida em 'The Zero Theorem', exibido no Festival do Rio

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Se existe alguém com a resposta sobre a existência, esse alguém é o diretor Terry Gilliam. Ele não só dirigiu e escreveu "O Sentido da Vida" (1983), clássico da trupe cômica Monty Python, como trata do assunto em seu novo longa, "The Zero Theorem", um dos destaques do Festival do Rio depois de competir em Veneza.

O filme traz Christoph Waltz, recém-saído da vitória no Oscar de melhor ator coadjuvante por "Django Livre", no papel de Qohen Leth, um hacker que espera um telefonema salvador com a resposta sobre a existência. Enquanto o tal sinal não aparece, Qohen evita sair pela Terra futurista e dominada por corporações criada por Gilliam e pelo escritor Pat Rushin.

"Sou um humorista por natureza. Eu tento encontrar algum sentido no mundo em que vivemos, até mesmo neste planeta que o lado corporativo domina tudo", diz Gilliam, um bonachão que sempre termina suas respostas com uma risada.

O estilo alegre do cineasta contamina o filme, repleto de críticas divertidas, como a proliferação de igrejas estranhas como a do "Design Inteligente". Em uma das mais divertidas, Bryan Craston, da série "Breaking Bad", aparece como "Batman, o Redentor", líder de um culto. "Por que você não acreditaria no Batman? Ele pode te salvar. E as pessoas parecem que colocam muita fé nos heróis da Marvel hoje em dia, não é?", alfineta.

"The Zero Theorem", assim como "Brazil: O Filme" (1985), do próprio Gilliam, mostra um diretor preocupado com as relações interpessoais, a tecnologia e a comunicação. "Quando jovem, saí dos Estados Unidos para fazer um mochilão pela Europa. Não falei com meus pais por semanas e eu poderia estar morto. Hoje, estamos conectados o tempo todo, mas só para dizer que estamos vivos."

Gilliam, no entanto, admite que "quer saber onde os filhos estão o tempo todo" e que sua visão do futuro pode ser um pouco ranzinza. "Eu nasci otimista, mas tudo me irrita. Adoro criticar os outros e me sinto melhor ao colocar as pessoas ao meu redor para baixo", diverte-se o ex-Monty Python, que é honestíssimo em relação ao grupo que revolucionou a comédia nos anos 1970.

"Se eu não faço um longa por ano, não tem problema, porque tenho dinheiro do Python entrando o tempo todo. Acho que teria feito mais filmes ruins se não tivesse a grana do grupo", confessa. "Somos próximos, mas não nos encontramos tanto. Há duas semanas, marcamos uma reunião, algo que não fazíamos há anos, mas foi apenas para resolver problemas de gerenciamento. Chato, não?"


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