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Manoel de Oliveira é o próprio cinema

Ativo desde filmes mudos, diretor português de 104 anos experimentou todas os avanços tecnológicos da arte

Mostra no Instituto Tomie Ohtake reúne longas inteiros, trechos, cartas e roteiros com anotações do cineasta

PEDRO MACIEL GUIMARÃES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A história do cinema pode ser contada usando os filmes de Manoel de Oliveira. Desde "Douro, Faina Fluvial" (1931), o diretor experimentou todos os avanços técnicos e estéticos: introdução do som, da cor, das câmeras mais leves, do cinema direto e do digital.

Da história do seu país, Oliveira, que completa 105 anos em dezembro, também foi testemunha. Foi preso, teve filmes censurados pelos governos militares, amargou o ostracismo e passou de diretor rejeitado a embaixador da cultura portuguesa.

É isso que conta a exposição "Manoel de Oliveira: Uma História no Cinema", exposição do museu Serralves, no Porto, em cartaz no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

A mostra pretende ser um passeio temático pela obra do "mais velho realizador de cinema do mundo", iniciada na época do cinema mudo.

Segundo a curadora, Paula Fernandes, o objetivo era "fugir da obviedade e das facilidades das mostras sobre carreiras de diretores, portanto, nada de exemplares de figurinos ou pedaços dos cenários dos filmes", avalia.

A estrela da exposição são os filmes, mostrados em trechos e agrupados por grandes temas da obra oliveiriana: o documentário dentro da ficção, a morte, a pintura, o teatro, a palavra. Mas, ainda assim, há objetos-fetiche para cinéfilos, como cartas trocadas entre Oliveira e a romancista Agustina Bessa-Luis, que escrevia romances especialmente para o diretor adaptar, roteiros anotados da mão do criador e o roteiro censurado do filme "Aniki-Bobó" (1942) chamado à época de "Gente Miúda".

A exposição traz também os dois finais do curta "A Caça" (1964), depois que o governo português exigiu um final mais positivo, sem a morte do personagem principal.

A montagem foi acompanhada de perto pela filha mais nova de Oliveira, Adelaide Trêpa, 64, figurinista de alguns dos seus filmes.

Estão enfocados filmes importantes mas pouco vistos do diretor, como "O Passado e o Presente" (1972), com ares surrealistas sobre uma mulher que só ama seus maridos mortos; e "Benilde ou A Virgem Mãe" (1975), de onde os cenógrafos tiraram a ideia para a concepção do espaço --o filme começa com um passeio da câmera pelos bastidores de um set de filmagens.

Outra obra-prima recuperada pela exposição é "Amor de Perdição"(1978), versão cinematográfica do romance de Camilo Castelo Branco, que o escritor Eduardo Prado Coelho chamou de "monumento do cinema português".


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