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Cinema

'Heli' expõe o narcotráfico sem glamour

Espécie de anti-'Breaking Bad' mexicano, filme exibido hoje no Festival do Rio mostra jovem comum afetado por cartéis

Melhor diretor em Cannes, Amat Escalante foi acusado de difamar seu país de origem por cenas de violência

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A CANNES

O mundo proibido e milionário dos traficantes de drogas é uma sedução constante na cultura pop. No último domingo, 10 milhões de pessoas nos EUA viram o episódio final da série "Breaking Bad", sobre um professor que vira um lorde da metanfetamina.

"Heli", do mexicano Amat Escalante, é uma espécie de anti-"Breaking Bad".

O drama, exibido hoje na programação do Festival do Rio, deixa de lado o glamour criminoso e foca Heli (Armando Espitia), um jovem trabalhador afetado pela guerra entre a polícia corrupta e os cartéis na região de Guanajuato.

"É o oposto dos filmes de gângsteres", diz Escalante, que saiu do último Festival de Cannes com o prêmio de melhor diretor. "Escrevo meus roteiros sempre me imaginando na situação e queria saber como o tráfico afeta uma pessoa normal."

'DIFAMAR O MÉXICO'

Quando "Heli" foi exibido em Cannes, suas cenas chocaram não apenas os europeus, mas provocaram a ira dos mexicanos.

A abertura do filme, por exemplo, é a jornada de um traidor dos cartéis rumo ao seu enforcamento público. No auge da trama, uma criança joga videogame em um barraco enquanto um torturador ateia fogo nos órgãos genitais de outra vítima.

"Um jornalista mexicano escreveu que gostaria de me colocar na cadeia por difamar o país", afirma o diretor. "Mas ele nem viu o longa e disse que o filme faria ao México o mesmo que O Expresso da Meia-Noite' fez à Turquia."

A referência ao filme de Alan Parker sobre um americano preso e abusado ao ser pego com drogas na Turquia é de um engano assombroso.

"Heli", por boa parte da projeção, parece mais um drama familiar, no qual o protagonista precisa cuidar da mulher (Linda González), do filho recém-nascido e da irmã, uma pré-adolescente de 12 anos (Andrea Vergara) que deseja fugir e casar com um homem mais velho.

"A gravidez na adolescência é absurdamente alta na região por causa da ignorância das pessoas. O governo não cuida de ninguém, não há educação", diz Escalante.

"Talvez por isso haja jornalistas mexicanos com raiva de mim, porque reforço certos clichês sobre meu país. Mas tudo isso está à minha volta."


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