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Crítica - Tragédia

Os Satyros falha ao tentar injetar fôlego político em 'Édipo'

CAROLIN OVERHOFF FERREIRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A tragédia do rei Édipo é conhecida: depois de matar seu pai e casar-se com sua mãe, opõe-se a reconhecer seus crimes. A cegueira que inflige sobre si quando finalmente aceita as evidências marca a passagem da religião --o oráculo-- para a filosofia --a introspeção.

Os Satyros encontram na peça sofocliana um pressuposto para falar sobre o Brasil e associá-la às manifestações de junho. "Édipo na Praça" segue, para isso, duas estratégias: estabelece uma relação entre a cegueira de Édipo e a dos políticos e populariza sua temática.

Na primeira parte, no teatro, os espectadores interagem através de perguntas ou atuam no palco. A didática que explicita a cegueira é realizada com humor e poesia.

Com ampla utilização de gravações e projeções de imagens, a montagem de Rodolfo García Vázquez oferece de fato um novo olhar. O Coral da Cidade de São Paulo merece destaque como coro.

Os problemas surgem quando o espetáculo toma a rua como se fosse uma manifestação. Embora interessante, a ideia não resulta. Não só é difícil compreender os diálogos, mas até ver as cenas. O ímpeto de sair com cartazes, escritos pelo público, não dialoga com a peça. Estamos protestando contra o quê? Contra Édipo, cujo drama é a percepção de seus atos que não quis enxergar?

Ao cruzar a praça Roosevelt, tomada pelos skatistas que têm pequena participação, é acrescentado ainda o tema da reprodução assistida que muda a perspectiva sobre o incesto do clássico. Mas fica no esboço. É uma pena, porque a primeira parte prometia muito.


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