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Letra sem música

A cantora e compositora Vanessa da Mata lança seu primeiro livro, sobre menina que vive no interior

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

A cantora Vanessa da Mata atravessa um 2013 agitado. Interrompeu a carreira de discos autorais para cantar Tom Jobim em um projeto de grandes shows em capitais. Ganhou mídia e elogios.

Quando a temporada parecia acalmar, ela lança agora o primeiro romance, "A Filha das Flores", pela Companhia das Letras. Embora conhecida como autora das canções de seu repertório, não deixa de ser uma surpresa.

Mas Vanessa, 37, não resolveu virar romancista de um dia para outro. "Escrevi dois antes desse. Um eu queimei, o outro joguei fora!" [risos]

Então por que vingou este, a história de uma menina que vive numa cidade de interior com a família que cultiva e vende flores?

"Esse livro começou do nada. Da minha experiência no interior, das vontades que eu nunca tive, de subir numa boleia de caminhão e sumir no mundo. Tinha pai e mãe, mas fui criada muito perto de minha avó e tínhamos um pequeno jardim na frente da casa. Ela colhia umas sete rosas por semana e dava para o médico, para o padre, para amigos", conta Vanessa.

Recorda como caçava formigas na infância, algo que aparece logo nas primeiras páginas. "Ficava sempre intrigada com a organização das formigas, com a crueldade delas ao despetalar uma roseira."

Vanessa ficava também intrigada com o ser humano. "Porque no interior você tem essas sociedades diminuídas, onde você estuda todo mundo. Para mim foi uma escola muito boa. Perceber a psicopatia, a inocência, a vaidade, essas características humanas. As paixões, as traições, as fofoqueiras, o puteiro, onde você nunca podia chegar perto, nem passar na porta."

Está tudo ali nas páginas do livro. A garota, Giza, cresce numa relação de admiração e inveja mútuas com suas duas tias, adolescente poucos anos mais velhas do que ela. Ela descobre o amor, o sexo e outros lugares, onde é vista pelas pessoas de outra maneira.

Vanessa criou o livro em menos de dois anos, em períodos espaçados nos quais escrevia compulsivamente. "Era uma necessidade fisiológica."

Abre a bolsa para mostrar ao repórter vários cadernos de anotações, recheados. Hoje, escreve menos do que lê, mas era diferente na infância.

"Lia sempre. Eu era muito pequenininha, sentava na porta de casa, pegava um livro do Machado de Assis e segurava de cabeça para baixo, fingindo que estava lendo."

"Eu lia muito num ambiente agrário, no Mato Grosso, então as pessoas me achavam esquisita. Fui muito doente, nasci quase morrendo. Tive febre reumática, perdi um rim, sofri muito com cólica renal e dores nas juntas. Minha imaginação tinha que criar um mundo diferente daquele."

Ela promete mundos ainda mais diferentes no próximo livro, que já decidiu fazer.


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