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Crítica drama

'Paradjanov' compõe eficiente retrato de cineasta perseguido

Produção ucraniana narra trajetória de diretor que incomodou regime soviético

FRANCESCA ANGIOLILLO EDITORA-ADJUNTA DA "ILUSTRÍSSIMA"

Teria sido fácil fazer um documentário sobre a vida de Sergei Paradjanov (1924-1990). Mas o resultado talvez fosse uma produção laudatória, e não esse interessante "Paradjanov", cinebiografia do cineasta de origem armênia nascido na Geórgia e perseguido pelo regime soviético.

Se o impactante "A Fuller Life" se baseia no registro documental para falar da vida do cineasta e, sobretudo, repórter Samuel Fuller, a trajetória de um esteta sem limites como foi Paradjanov merecia um tratamento fora da norma, como ele foi e como era seu cinema.

Preso supostamente por conduta homossexual --crime no período soviético--, o cineasta já havia muito incomodava os censores do regime pelo radicalismo experimental.

A renúncia ao estilo do realismo socialista, ao qual primeiro havia aderido, fazia dele um perigo, e a liberdade sexual deu motivo para encarcerar um artista visto como uma ameaça à União Soviética e estimulador de nacionalismos.

O filme de Serge Avedikian e Olena Fetisova consegue compor uma introdução muito eficiente das questões que determinaram a vida de Paradjanov --brilhantemente interpretado por Avedikian.

Tudo o que foi dito até aqui fica claro no filme, quase sem que ele tenha que incorrer nos clichês da "biopic", em que personagens e anedotas são impostos à trama com o intuito de dar conta da narração histórica.

O conjunto também tem, ao lado do drama inerente à história do artista perseguido, seus toques de humor (que o personagem real facilmente provia).

A produção talvez falhe em não radicalizar ainda mais nos preceitos estéticos. O belo visual é inspirado nas colagens e "assemblages" (obras feitas a partir de objetos reunidos) que Paradjanov fez durante o longo período de 15 anos, entre prisão e banimento, em que não pôde filmar.

Quando, porém, introduz aqui e ali cenas que se pretendem oníricas e algo surreais, há um salto, deixando ver um degrau entre a ousadia pretendida e a de fato alcançada.


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