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Análise

Memórias são fascinantes até a fama, depois livro se torna chato e mesquinho

BEN RATLIFF DO "NEW YORK TIMES"

Steven Patrick Morrissey, de Manchester, Inglaterra, ex-vocalista do grupo The Smiths, herói passado e futuro dos incompreendidos, e defensor dos seres humanos e animais indefesos, também é um publicitário inspirado.

O conceito das capas dos discos, ele explica em seu novo livro, "Autobiography", era "tomar imagens que fossem o oposto do glamour e injetar coração e desejo suficientes nelas para que pudessem mostrar a vida comum como um instrumento de poder --ou talvez glamour".

"Autobiography" é um livro tanto aguçado quanto tedioso, tanto enfático quanto desnecessariamente cruel, e saiu na Inglaterra em edição da Penguin Classics.

A capa do livro irradia poder. Segue o padrão de design da Penguin para livros anteriores ao século 20. Morrissey conseguiu convencer a editora a inclui-lo em uma exclusiva quadrilha de mortos. E ainda que seja um tesouro nacional britânico etc., como é que ele conseguiu isso?

Os melhores trechos do livro, escrito no presente, um modo gramatical comum aos entusiasmos adolescentes, derivam de sua estreita atenção à música, filmes, televisão e atitudes da Inglaterra até o final dos anos 70.

Em suas atitudes extremas, ele parece exatamente meio americano e meio inglês. Uma mistura de "quero isso para ontem" e de modéstia autoconsciente e desapontamento mórbido e reflexivo.

As relações entre ele e outros seres humanos, famosos ou não, são complicadas. Tão logo descreve uma pessoa como dotada de integridade, o leitor pode ficar certo de que ela não demorará a morrer.

Morrissey é um astro pop de talento literário incomum, mas escreveu memórias do tipo mais comum entre os astros pop: fascinantes até o momento em que ele conquista poder verdadeiro e ganha dinheiro suficiente para que proteger seu patrimônio mereça esforço, e depois disso o livro se torna chato e ocasionalmente mesquinho.

As prolongadas disputas judiciais que ele teve com Mike Joyce, baterista dos Smiths, quanto ao esforço deste para receber parcela igual dos royalties da banda ocupam quase 50 páginas.

O livro chega ao final aos tropeços, em uma série de batalhas contra a imprensa, contra supostas declarações desdenhosas de outros músicos, e contra a adoração dos fãs, que lhe causa sentimentos contraditórios.


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