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Teatro

Sarah Kane ganha terceira versão no ano

Depois de duas montagens em SP, 'Psicose 4.48', da dramaturga inglesa, volta ao palco sob o olhar de jovens

Autora desperta interesse de grupos brasileiros e de países europeus, 14 anos após suicídio

GUSTAVO FIORATTI DE SÃO PAULO

"Psicose 4.48", texto teatral da inglesa Sarah Kane (1971-1999), estreou em 2000 e virou uma espécie de hit internacional. Ainda em 2013, toca em todas as rádios, ou melhor, todos os palcos.

Em São Paulo, neste ano, foram três encenações do texto mais popular da dramaturga. O diretor Marcos Damaceno trouxe uma montagem de Curitiba. Laerte Mello, tradutor oficial de Kane no país, dirigiu sua versão. E o ano encerra com um "4.48", no Sesc Ipiranga, dirigido por João Paulo Nascimento, Katiana Rangel e Rodrigo Pavon.

Algo levou Kane a entrar para o seleto grupo de autores contemporâneos que todo mundo quer tocar. Fala-se dos aspectos formais da obra, lembra Pavon, ou das "várias vozes" que o texto propõe justamente por não apontar quais são seus personagens.

Na nova montagem, há só uma atriz em cena (Rangel). Na versão de Laerte, eram oito intérpretes. Na de Damaceno, um homem e uma mulher dividiam o palco.

Nessas múltiplas vozes, ouvem-se ecos de uma angústia patológica rumo à morte. O número 4.48 faz menção ao horário exato em que, supostamente, acontece o maior número de suicídios.

KANE INVESTIGADA

Em setembro, uma plateia de jovens dramaturgos, em bate-papo com o autor britânico Anthony Neilson no Centro Cultural Fiesp, parecia especialmente interessada na relação entre o trabalho dele e o dela. Por pelo menos 15 minutos da hora e meia de conversa, Kane foi o assunto.

Ela e Neilson fizeram parte do movimento britânico In-Yer-Face ("na sua cara", expressão em inglês para agressividade), geração empenhada em chacoalhar as tradições britânicas. Na palestra, choveram perguntas sobre a autora. Neilson contou que ela tinha problemas mentais, o que a levou à depressão.

O fascínio sobre Kane aparece também em filmes e músicas. O diretor inglês Stephen Daldry já falou sobre como a morte de Kane o influenciou em seu filme "As Horas" (2002). A banda inglesa Tindersticks usou trechos de "4.48" numa canção do álbum "Waiting for the Moon" (2003). O diretor alemão Thomas Ostermeier também assume a influência de Kane em seu trabalho.

Contraditoriamente, Aleks Sierz, o crítico britânico que cunhou o termo In-Yer-Face, diz que o número de montagens para Kane está em declínio na Inglaterra.

"A razão disso é que o teatro britânico está totalmente obcecado com novidades, e até uma dramaturga importante como Kane só consegue uma ou duas remontagens de sua obra", afirma.

Sierz diz que Kane está conquistando mais espaço na Itália, na Alemanha e na França, "onde autores de sucesso ganham dúzias de montagens". Agora, ele pode incluir também o Brasil na lista.


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