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Jovens em crise protagonizam comédia
Em 'Eu Não Faço a Menor Ideia do que Eu Tô Fazendo com a Minha Vida', Clarice Falcão é uma estudante sem rumo
Diretor Matheus Souza diz que seu segundo filme custou R$ 20 mil, com equipe de amigos trabalhando de graça
Certamente muitas pessoas já se olharam no espelho e pensaram: "eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida".
Com Matheus Souza isso também aconteceu, e foi desse momento que surgiu a ideia de seu segundo longa.
Já se passavam três anos desde que tinha terminado seu filme "Apenas o Fim" --prêmio de público do Festival do Rio e da Mostra de São Paulo-- e tentava concretizar outro projeto, sem sucesso.
"Entrei numa crise de não saber o que queria fazer, uma comédia, um drama, ou desistir de tudo e ir fazer nutrição", diz o diretor de 25 anos.
Percebeu que seus amigos estavam na mesma praia. Começou então a escrever um filme sobre uma garota que acaba de entrar na faculdade de medicina e, sem saber o que quer, mata as aulas.
"Uma coisa muito comum da minha geração: fugir dos problemas", diz, sobre a atitude da personagem Clara, vivida por Clarice Falcão.
Segundo ele, o filme foi feito com cerca de R$ 20 mil. Como em seu primeiro longa, a equipe é formada por amigos que trabalharam de graça.
"Deixei de pagar minhas contas. Falei para o cara que veio cortar a luz: você está sabotando o cinema nacional'."
Para Souza, o humor no Brasil caiu no lugar-comum. "Gosto de fazer comédias, mas quero fazer uma original. A comédia nacional virou uma espécie de negócio, que rende milhões, então é óbvio que as pessoas não querem arriscar muito na fórmula."
Para ele, seu filme é um projeto suicida. "Ele não é cabeça o suficiente para ser sucesso de crítica e nem é uma comédia popular."
Porém, desde seu primeiro filme, o cenário mudou. Os atores Gregorio Duvivier (protagonista de seu primeiro filme) e Clarice Falcão tornaram-se famosos graças ao sucesso na internet dos vídeos do portal Porta dos Fundos.
Souza diz que espera atrair os fãs jovens do grupo de humor que não abandonam seus smartphones e tablets.
"Vejo nas produções para jovens hoje uma preguiça enorme", critica. "Tento fazer algo pensante, mas despretensioso e honesto."