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Crítica - Romance

Lionel Shriver usa experiência pessoal em drama familiar

Relação entre empresária de sucesso e músico obeso marca 'Grande Irmão'

SANTIAGO NAZARIAN ESPECIAL PARA A FOLHA

Após meia dúzia de romances publicados e duas décadas de carreira, Lionel Shriver finalmente conquistou sucesso como autora com "Precisamos Falar sobre o Kevin", misto de drama familiar e thriller, que lhe conferiu o prêmio Orange em 2005 e foi adaptado para o cinema em 2011.

O romance trazia uma atípica visão da maternidade, pelos olhos da mãe de um adolescente que provocara um massacre em sua escola.

A forma antissentimental com que Shriver expôs os laços familiares foi o verdadeiro trunfo do romance. E é uma marca que ela reafirma com sucesso em "Grande Irmão".

Pandora é uma empresária bem-sucedida, bem casada e com uma boa relação com os enteados. Porém, ao receber a visita do irmão músico, que não via há anos, o frágil equilíbrio de sua vida se desfaz completa e literalmente.

Outrora bonito e efervescente, Edison se tornou um obeso mórbido, comedor compulsivo, que não consegue mais se apresentar nos palcos, perdeu todos os seus pertences e não tem mais onde morar.

Sentindo-se responsável pelo irmão, Pandora coloca o casamento (e a própria saúde) em risco e adota como desafio pessoal resgatar a boa forma de Edison.

AUTOANÁLISE

Num relato em primeira pessoa cheio de dúvidas, a narradora expõe pontos de vista muito particulares (e discutíveis) sobre laços fraternos, alimentação e carreira artística, que podem fazer parte de uma autoanálise da autora.

(Além de ter passado por percalços como escritora e ser casada com um músico, Shriver também teve um irmão que morreu por complicações da obesidade.)

A forma como os temas são apresentados podem incomodar tanto obesos quanto artistas; em geral, nota-se uma opinião muito negativa da vida. Entretanto, é essa visão parcial que torna a protagonista tão humana e sua história mais rica e sujeita a interpretações.

Muito mais do que um livro de autoajuda para gordos, "Grande Irmão" é cruel, incorreto e fascinante, como um romance de peso deve ser.


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